Em 10 de julho de 1830 - nasce Camille Pissarro, pintor impressionista francês (falecido em 1903)
Em 10 de julho de 1884 - Abolição da escravatura negra da província do Amazonas - Brasil
Em 10 de julho de 1871 - nasce Marcel Proust, escritor francês (morto em 1922)
Em 10 de julho de 1938 - nasce na Praça Mauá -RJ, Ivan de almeida, ator brasileiro
Em 10de julho de 1944 - nasce Renato Correa, cantor e compositor brasileiro integrante do grupo Golden Boys
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Em 10 de julho de 1973 - Independência das Bahamas
Em 10 de julho de 1980 - nasce Jéssica Simpson, cantora e compositora estadunidense.
Em 10 de julho de 1982 - Falece Jackson do Pandeiro, cantor e compositor brasileiro.
Em 10 de julho de 1987 - falece em Angola Paiva Domingos da Silva, herói nacional de angola na luta pela Independência de Angola.
Em 10 de julho de 1994 - Falece no Bairro de Santa Tereza no Rio de Janeiro, Lélia Gonzales, como ficou conhecida Lélia de Almeida Gonzales, diretora do Departamento de antropologia da PUC, militante do Movimento Negro e Militante do Movimento de Mulheres.
Nos anos 1940, o PCB havia criado entidades rurais com o nome de “ligas”, extintas na mesma década sem nunca terem alcançado projeção. Os objetivos da organização surgida no Galileia, porém, eram pontuais e localizados, como a criação de uma cooperativa financeira para empréstimos e auxílio funerário. Julião recebeu a comissão e prometeu ajudar os camponeses. Foi o encontro da chispa com a palha seca, disse o escritor Antonio Callado (1917-1997) em uma série de reportagens publicadas no Correio da Manhã entre 10 e 13 de setembro de 1959.
Julião providenciou a papelada para legalizar a Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco (SAPPP), e no dia 1º de janeiro de 1955 visitou o engenho para sacramentar o ato. No mesmo ano, a SAPPP começou a ser chamada de “liga” por deputados estaduais conservadores e pela imprensa do Recife. Era uma tentativa de estabelecer uma ligação entre a nova associação e as antigas “ligas” do PCB. Mas Julião intuiu a força do nome e o adotou para o movimento.
Ele escreveu seis livros, sendo dois de ficção: um de contos, Cachaça (1951), elogiado pelo sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987), e um romance, Irmão Juazeiro (1961). Foi o único líder brasileiro que reivindicou para si a definição de “agitador”, como se vê no livro Cambão, que lançou no México em 1968: “Agitador, sim! Como é possível conceber a vida sem agitação? Porque o vento agita a planta, o pólen se une ao pólen de onde nasce o fruto e se abotoa a espiga que amadurece nas searas. Manda o médico que se agitem certos remédios no momento de tomá-los e o farmacêutico chega a escrever nas bulas este aviso: ‘Agite antes de usar’”. E arrematava: “O crime não está em agitar, mas em permanecer imóvel”.
A agitação foi o meio que encontrou para dar visibilidade e capacidade de pressão aos camponeses. No início da década de 1960, dos vinte e dois estados existentes no Brasil, havia núcleos do movimento em treze. Um dos principais fatores para a expansão nacional das Ligas foi a facilidade com que podiam ser fundadas. Eram legalmente uma sociedade civil de direito privado; bastava reunir um grupo de camponeses, aprovar o estatuto, eleger a diretoria e registrar tudo no cartório da cidade.
A partir de 1961, as Ligas radicalizaram e adotaram o slogan “Reforma agrária na lei ou na marra”. Estreitaram-se as ligações do movimento com Cuba. Julião visitou o país duas vezes. Tornou-se amigo de Fidel Castro e um aguerrido defensor do seu governo. Eleito deputado federal em 1962, teve o mandato cassado na primeira lista após o golpe civil-militar de 1964. Escreveu então um manifesto encaminhado ao escritor uruguaio Eduardo Galeano, que publicou o texto no semanário Marcha, em 24 de abril daquele ano. Julião convocava o povo a resistir ao golpe e defender a Constituição “de armas na mão”.
Foi preso em 3 de junho de 1964, no interior de Goiás. Posto em liberdade em 27 de setembro do ano seguinte por força de um habeas corpus, seguiu para o exílio no México. Em um dia de 1976, um bolsista brasileiro que estudava lá o procurou. Fez duas perguntas-chave: o que dera certo e o que dera errado com as Ligas Camponesas? Julião se queixou da falta de formação de quadros, da infiltração de elementos de direita no movimento, e falou da necessidade de autonomia da organização em relação aos partidos. O estudante se chamava João Pedro Stédile. O Movimento dos Sem-Terra (MST) foi fundado oito anos depois daquele encontro, tendo o antigo bolsista como um dos seus principais líderes. “O MST se considera um descendente, um seguidor das Ligas Camponesas”, afirma Stédile hoje.
No exílio, Julião vivia pobremente, dando palestras e escrevendo artigos. Em sua casa, na periferia de Cuernavaca, não havia luz elétrica; a iluminação era à base de velas e de lampião. Por lá passaram figuras como o então senador chileno Salvador Allende (1908-1973), que em 1965 pôs discretamente mil dólares no bolso de um paletó de Julião, pendurado numa cadeira, e o escritor colombiano Gabriel García Márquez, de quem o líder camponês era amigo. Os dois planejaram escrever em 1978 um livro sobre a Revolução Mexicana (1910-1920), que nunca se concretizou.
Quando retornou ao Brasil, em 1979, Julião se filiou ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), fundado por Leonel Brizola. Em 1986, na primeira eleição que disputou após a volta do exílio, candidatou-se a deputado federal por Pernambuco, mas tomou uma decisão que ninguém entendeu: apoiou o candidato a governador pelo Partido da Frente Liberal (PFL) – atual Democratas (DEM) –, o usineiro José Múcio Monteiro, hoje ministro do Tribunal de Contas da União. Mas o candidato pelo PMDB, Miguel Arraes (1916-2005), foi eleito. Divergências entre Brizola, ligado ao trabalhismo e ao getulismo, e Arraes, defensor de que a antiga oposição ao regime militar se unisse em uma Frente em vez de dividir-se em pequenos partidos, podem ter sido a razão da escolha de Julião. O fato é que ele teve uma votação irrisória – menos de quatro mil votos – e saiu de cena.
Atuou discretamente no PDT e depois retornou ao México. Morava na periferia de uma pequena cidade, Tepoztlán, num apartamento alugado, construído sobre a laje de uma mercearia, quando sofreu um infarto no dia 10 de julho de 1999. Foi cremado e suas cinzas permanecem com a mulher com quem estava casado, a mexicana Marta Rosas Julião.
Aos 84 anos, distante do seu povo, pobre e isolado numa cidadezinha mexicana, morria um agitador do Brasil.
Vandeck Santiago é jornalista e autor de Francisco Julião – Vida, paixão e morte de um agitador (Assembleia Legislativa de Pernambuco, 2001) e de Francisco Julião, as Ligas e o golpe militar de 64 (Comunigraf, 2004).
Saiba Mais - Bibliografia
AZEVEDO, Fernando Antônio. As Ligas Camponesas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
AZEVEDO, Fernando Antônio. “Revisitando as Ligas Camponesas”, in O golpe de 1964 e o regime militar. São Carlos: EdUFSCar, 2006.
STÉDILE. João Pedro (org.). A questão agrária, v. 4. São Paulo: Expressão Popular, 2006.
Em 10 de julho de 1999 - Falece de infarto Francisco Julião, mentor das Ligas Camponesas, advogado que organizou os camponeses de Pernambuco. Foi militante do Partido Comunista Brasileiro -PCB
Em 10 de julho de 2001 - nasce Isabela Moner, atriz, dubladora e cantora estadunidense.
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