‘Usar a fome como arma é crime de guerra’, afirma chefe da ONU
Mesmo com acesso dado recentemente às equipes de assistência da ONU a áreas sitiadas, ajuda alcança apenas 1% dessa população. Para secretário-geral, situação do país é “inconcebível”.
Descrevendo a situação na Síria como “completamente inconcebível”, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou nesta quinta-feira (14) que a fome usada como arma durante o conflito representa um crime de guerra.“Talvez nada reflita de forma mais urgente a necessidade de agir do que as cenas angustiantes de Madaya”, disse Ban em coletiva de imprensa em Nova York.
Há meses, cidades sírias têm sido sitiadas por partes do conflito no país, que inicia o seu sexto ano de duração. As equipes da ONU e seus parceiros só tiveram autorização das forças controladas pelo governo, responsáveis pelo cerco, a entrar em Madaya recentemente, levando comida e ajuda médica a milhares de pessoas a ponto de morrer de fome.
Segundo o chefe da ONU, as equipes de assistência que estão na cidade descreverem a aparência de idosos e crianças, homens e mulheres como “pouco mais que pele e ossos: raquíticos, severamente desnutridos, tão fracos que mal conseguem andar, e completamente desesperados por um pouco de comida”.
“Hoje, quase 400 mil pessoas estão sitiadas na Síria – aproximadamente metade em áreas controladas pelo Daesh (outro termo para ISIL – Estado Islâmico do Iraque e do Levante), 180 mil em áreas controladas pelo governo da Síria e seus aliados, e outros 12 mil em regiões controladas por grupos armados de oposição”, informou Ban.
Em 2014, a ONU e seus parceiros conseguiam levar alimentos para cerca de 5% da população sitiada, enquanto atualmente, estimativas mostram que a Organização está alcançando menos de 1% destas pessoas.
Ele enfatizou que todos os lados, incluindo o governo sírio – estão cometendo “atos atrozes”, proibidos pelo direito internacional humanitário.
Ban pediu aos Estados que podem fazer a diferença, destacando o Grupo de Apoio Internacional à Síria especificamente, composto pela Liga dos Estados Árabes, União Europeia, ONU e outros 17 países, a pressionarem as partes envolvidas para que permitam o acesso das equipes de ajuda humanitária.
Ele também afirmou que outras medidas devem ser tomadas, como o fim imediato do uso de armas indiscriminadas contra áreas civis, incluindo o bombardeio e ataques aéreos por todas as partes envolvidas na Síria.
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