Nigéria: Relatores da ONU pedem mais proteção para mulheres e crianças vítimas do Boko Haram
Especialistas da ONU destacaram que “lacunas de segurança” são evidentes no país. Autoridades não têm conseguido responsabilizar criminosos envolvidos em violência sexual contra populações vulneráveis.
Nesta sexta-feira (22), ao fim de uma viagem oficial de cinco dias à Nigéria, relatores especiais das Nações Unidas solicitaram às autoridades do país que prestem mais assistência às mulheres e crianças que conseguiram escapar do grupo Boko Haram ou foram libertadas pelos próprios terroristas. Para os especialistas, programas de reintegração devem levar em conta o impacto dos conflitos sobre essas populações, além de combater as origens da violência, como a discriminação, a privação, a exclusão e a desigualdade de gênero.A relatora sobre comércio de crianças, Maud de Boer-Buquicchio, a relatora sobre formas contemporâneas de escravidão, Urmila Bhoola, e o relator sobre o direito à saúde, Dainius Puras destacaram que lacunas na questão da segurança são evidentes no país, pois permanecem insuficientes os esforços das autoridades federais e estaduais para combater a impunidade dos envolvidos em violência sexual, como o casamento forçado e precoce.
Os especialistas também solicitaram mais informações sobre as iniciativas realizadas pelo governo para localizar e resgatar todas as vítimas de sequestro, capturadas pelo Boko Haram, em particular, as estudantes de Chibok. Ao mesmo tempo, são necessárias medidas para minimizar a rejeição e o estigma que as mulheres e crianças associadas aos terroristas enfrentam quando retornam para suas famílias e comunidades. “Esforços para a coesão da comunidade, a construção da paz e a reconciliação têm que começar agora”, afirmaram.
Embora tenham observado progressos na administração dos campos de pessoas internamente deslocadas, os relatores da ONU alertaram que a assistência médica permanece precária. “Durante nossas visitas a campos em Maiduguri, testemunhamos, em primeira mão, os impactos sociais e de saúde do conflito. Nos encontramos com mulheres e crianças que relataram (ter) acesso limitado a serviços, como a comida nutritiva adequada, suporte psicossocial, educação, e saúde, incluindo serviços de saúde sexual e reprodutiva”, disseram.
Segundo os relatores, programas de reintegração não podem deixar ninguém para trás e devem contemplar indivíduos deslocados independentemente do local onde eles buscaram abrigo. Além de indicar o fortalecimento dos sistemas de saúde para atender à população nigeriana, os especialistas sugeriram que o governo e parceiros internacionais invistam na capacitação da população e no oferecimento de oportunidades de subsistência
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