segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Crônica - Emancipação cultural e educacional - Manoel Messias Pereira

Emancipação cultural e Educacional
O conhecimento é aquilo que nos faz tornar autoridade em nós mesmo. Alimentar um processo de conhecer, significa buscar instrumentalizar-se, na percepção na compreensão e na noção empírica (vivenciando a realidade) e científica(experimentando na forma laboratorial),  a realidade. E para tal buscarmos o esforço do estudo.

Temos de manter um olhar atento sobre todos os eventos, um sentimento apurado, sobre todas as inércias e movimentos, com um espírito e um cérebro intensamente ativo. Primeiramente estudando a si próprio, interpretando e comparando. Acumulando conhecimentos e aproximando-se a cada momento do ato de aprender de forma inconsciente e consciente. Descobrindo caminhos.

E assim chegamos a ter em nosso mundo o respirar educacional, que começa de maneira empírica. Enquanto aprendemos nos bancos escolares de princípio a educação funcionalista durkheimiana na qual Émile Durkheim afirmou que "A educação tem por objetivo suscitar e desenvolver a criança no seu estado físico, moral e que estas normas são requeridas pela sociedade" e que cada meio social particular determina o ideal que a educação realiza. E mais tarde outro autor muito conhecido como Max Weber, que vem com um conjunto de ideias que muito nos ajudam a compreender o processo, nas mais diversas esferas do conhecimentos como a política, a moral, a ciência, a economia, no erotismo enfim numa construção envolvendo toda a sociedade. Este autor considerava o tempo para o desencantamento, pela racionalização do mundo cabendo ao ser humano não apenas ouvir a sua voz mas também a sua consciência. E para tal não há o status de supremo de sublime que orientam as condutas mas a liberdade e como dizia ele a integridade intelectual deve ser a única virtude que os docentes deveriam incultar. E que os professores não podem ter a pretensão  ou não devem querer ser o reformador do mundo.

Em Karl Marx encontramos que o trabalho, a instrução intelectual, o exercício físico, o treino poli - técnico elevará a classe operária e que todo seu pensar encontra-se na luta de classe. e a ideia de uma constante mudança a partir do processo dialético, na superação dos oprimidos sobre a classe opressora o que permitiria surgir assim uma nova sociedade. E a educação portanto tem a tarefa de combater, a alienação e a desumanização sendo essa a função social que ela desenvolve no processo.

O filósofo Jean Jacques Rousseau, afirmava que o processo pedagógico subordinava a própria natureza e que a própria evolução das crianças se daria conta disto. Enquanto que Antônio Gramsci afirmou que a educação é uma luta contra os instintos ligadas a função biológica elementares em uma luta contra a natureza para os domínios que cria o homem atual à sua época. E é neste sentido que vimos Gramsci afirmar que a escola não pode apenas desejar que o estudante torne-se um operário manual, mas sim torne-se qualificado e que cada cidadão possa se tornar governante. E afirma ainda de que todos os seres humanos são intelectuais, mas nem todos desempenham na sociedade a função de intelectuais. E fala da hegemonia de uma classe em relação a toda a sociedade e o domínio desta classe que se dá pela força e consenso. A força exercida pelas instituições políticas e jurídicas e pelo controle do aparato político militar. e para ele no processo da educação, toda a relação hegemônica é um aprendizado pedagógico. E o terreno desta luta de hegemonia é a sociedade civil  que compreende as instituições de legitimações do poder de Estado, usando a igreja, a escola e a família. e se recordarmos as mesmas instituições estabelecidas por Émile Durkheim. Somente é que  Gramsci acrescenta, outras instituições como o sindicato e os meio de comunicações. E também Gramsci chama-nos atenção para o Ministro do fascismo italiano Giovanni Gentile, que em sua política educacional estabelece uma educação para alunos da alta classe de forma clássica e tradicional. E para a classe trabalhadora uma educação voltada pra ser operador, portanto profissionalizante, além de uma política de estado. O que Marx em seu pensar é totalmente contra e reafirma sim numa escola para o trabalho mas não pra ser operador. Talvez pensando como Marx que afirmava, a "Educação precisa ser intelectual, física e técnica.", em outras palavras a educação é pra emancipar o cidadão, cultural, técnica, educacionalmente.

E assim ainda vamos observar que o professor  Dermeval Saviani, diz que a escola deve possibilitar o acesso aos conhecimentos previamente produzidos e sistematizados. Mas ele ainda explica que o problema disto é a forma mecânica como é feita essa transmissão. E orienta-nos que é preciso critérios para discernir entre o conhecimento que é preciso transmitir e aquele que não precisa. E que isto abre espaço para a sobrecarga no currículo e cuja a relevância não é alcançada pelo professor. E que os impedem de mostrar aos alunos que é preciso empenhar-se no seu aprendizado.

E desta maneira podemos afirmar que é imprescindível, ter conhecimentos. e para tal é preciso mesmo buscar em todos  os sentidos, o aprendizado. E com um adendo não há nenhum cientista que esquece a formula ou a sua experiência apresentada, elucidadas e se dá bem. Dizendo isto eu não sei. Pois se não sabe não aprendeu. E se sabe elaborou um processo de estudos, de dedicação, de leituras, para a construção de seu aprendizados, quando não de persistência cientifica e experimental. O conhecimento portanto é um aprendizado que pode nascer de uma intuição, passar pelo aprendizado da vivência, mas tem métodos, objetos de estudos, e objetivos e isto significa estruturar-se pra aprender, e como diria Saviani é a escola que vai propiciar esse conhecimento. Negar-se a estruturar-se como aluno de receber as informações. É se tornar um mau aluno. É continuar num Estado, que tens formas fascista de atuar, pois aqui também a redes diferentes atuando num mesmo espaço geográfico, porém há uma política de estado disfarçada pois quem patrocinam o governante é a iniciativa privada. E o serviço deste governante é ter uma educação muito parecida com aquele de apenas criar o operador, o trabalhador ignorante intelectual. Mas não podemos abrir mão de que a educação deva sim ser uma ação de emancipação cultural, educacional e intelectual, obviamente.


Manoel Messias Pereira

cronista
São José do Rio Preto - SP. Brasil

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