domingo, 26 de junho de 2016

crônica - A ideia da educação hoje - Manoel Messias Pereira




A ideia da educação hoje

Educar é um processo que não começa na escola, mas sim na compreensão de como deve ser tratada a vida intrauterina. A mãe deve ser atendida com todo o requinte de carinho e assistência social, em que mãe e o bebe possa de fato haver no gestar uma relação de amor favorecida pelo ambiente de vida. Com o pré- natal bem definido pela medicina, com acompanhamento do setor de enfermagem, pesagem, assim  como a casa com condições adequadas, com a família preparando-se e programando-se para o filho que vai nascer e que necessita de informações adequadas para a vida de mais uma luz, mais uma criança, que nasce como uma flor em plena primavera da existência, para o processo de construção social da família.

Ao nascer essa criança precisa sim ter suas instalações adequadas com sua cama, berço, e fraudas, roupinhas, mantas, brinquedos, chuquinhas, atenção e carinho de quem é o pai e a mãe. E para que essa criança tenham todos os serviços especializados de acompanhamento é preciso de um Estado presente, com vacinações adequadas, com creches, com profissionais adequados especializados em bem atender. E se preciso for o médico de família que vá até as residências e faça um atendimento especializado e individualizado, afinal na cidade temos três faculdades de medicina e o poder público tem que ter respeito suficiente pra atender a sua população. E se a criança nasceu portadora de necessidades especiais os cuidados devem ser redobrados dentro de certas especialidade. Já  as instalações das escolas devem receber visitas constantes de todos os órgãos responsáveis pela infância. Pelo menos é isto que entendo por trabalho de educação nos municípios. E quando do governo de Dr. Liberato Caboclo, um médico que foi prefeito em São José do Rio Preto - SP, ele instalou o "Leve leite", que era um programa de suprimento alimentar a criança, e teve creche para todas as crianças, que portanto foi um bom executivo neste sentido.  Ou seja pelo menos o leite não faltava. Lembro que ele também falava da necessidade das casas serem rebocadas e pintadas.

Já as escolas infantis devem ser todas dotadas de berçários, e de um atendimento universal a todas as crianças. Até o período em que elas completam 6(anos) anos, em que iniciam o primeiro ano escolar. No passado era 7 (sete anos). E a Escola passa assim  a trabalhar a ideia do letramento, do desenvolvimento do ler e escrever. E assim temos formalmente o primeiro ciclo do ensino fundamental, como aliás é chamado hoje e no sexto ano o chamado segundo ciclo que vai até o nono ano. E após esse jogo pré-estabelecido  que vemos a discussão sobre o processo de educação que deva ter uma função, a partir da escola.

A escola tem a função de estabelecer a operação ensino aprendizagem. Que pode ser através da transmissão do conhecimento cruzados entre educando e educadores, sendo que os educadores precisam trabalhar em horários que sejam possíveis a sua plena realizações enquanto profissionais que trabalham mas também estudam e acompanham a evolução psíquicas, psicológica, social e sociológica desta sociedade que muda, conforme estabelece a demanda politico social. Alguns dizem que a escola precisa adaptar-se ao mercado. E aí sim há um problema, pois a escola não deve ser amparada na ideologia do mercado, nem do mercantilismo, nem tampouco numa direção comum esvaziadas de sua função que é de emancipar cultural, educacional e politicamente o indivíduo para o mundo. E a criança assim como o adolescente precisam ser respeitadas na sua condição de aprendizes e ter todas as informações possíveis para deter vozes capazes de entender as mudanças de um mundo que a cada instante muda de forma dialética materialista e histórica. E para tanto os tempos devem ser flexibilizados no processo de ensino e aprendizagem. As crianças são todas diferentes e tem que ter um processo educacional que vá além das limitações institucionais.

Outra questão é que num ambiente escolar, todos os profissionais envolvidos precisam ser tratados e assim deve serem educadores, do transporte, aos porteiros, aos funcionários, os monitores, os supervisores, os professores, professor-coordenador, vice-diretores, diretor, assim como outros profissionais que possam vir agregarem-se a escola como assistente social, mediadores, psicólogos, todos devem receber formações, na sua lida diária. E não apenas serem cumpridores de ordenamentos provindos de secretarias ou do executivo. Por isto a jornada de trabalho como aliás e posta é plenamente errada. Todos deve ou deveriam ter 20 horas de trabalho, para cumprir a sua formação. E o espaço de trabalho pedagógico deveria apenas ser como aliás é pré- estabelecido de um terço para estudos. Sem prejuízo no salários que ganham hoje. Pelo menos isto atenderiam em parte as reivindicações da categoria dos educadores creio eu. 

Desde 2013 tivemos manifestações nas ruas de todo o Brasil, que iniciou falando de princípio do aumento das passagens dos ônibus. Mas depois observamos que a reivindicação ia num outro sentido, por exemplo, falavam de corrupção, do respeito que deveriam receberem por parte das autoridades dos salários, dos tratamentos, de saúde e assim até mesmo da educação. Em 2014 vimos o governador perdoar dívidas de ICMS de usineiros, mas em 2015 o reajuste do funcionalismo foi 0%, e assim também foi este ano de 2016. E deu um bônus para a categoria, que lógico que precisava e aceitaram de bom grado. É o mesmo que pegar um cachorrinho esfomeado e oferecer uma linguiça apimentada, ele tem de comer. Pra sobreviver do contrário ele morre. Outro fator foi o da falta de água e do corte de verbas nas unidades escolares. Estes são estorvo que o poder político cria pra deturpar o ambiente que deveria ter as condições necessárias para o desenvolvimento intelecto dos seres humanos em formação, mas que acaba concorrendo para atrapalhar o ambiente.

Um fato ruim também foi a ideia que o governo teve de reorganização, que levou  a juventude em 2015, e inicio de 2016,  a ocupar escolas e o governo tratou-os como marginais, inclusive perseguindo jovens de adolescentes, e teve ações de repressões amparadas pelos serviços de seguranças do próprio Estado, com muita violência, que leva-nos enquanto educadores dizer que este não é o melhor tratamento educacional ou o modelo ideal de diálogo, pois sai do campo que entendemos ser democrático, respeitoso e que poderia ser civilizado. Vi aparato parecido com países em guerra, quando os meninos eram jovens reivindicando a permanência na escola e querendo respeito por suas decisões e opiniões.

Outra bobagem é a ideia da escola sem partido. Pois bem o partido que todos desejam é o partido que possibilite esse jovem a entender a vida nacional a partir do processo de aprendizagem. Entender o mercado, e como esse mercado interfere na política, como financia os partidos e como estabelece o princípio de ação corrosiva e corruptiva no País. Esse jovem que tem que ler mas entender o que está lendo, interpretar nas entrelinhas os jornais, as revistas, as ideologias do iluministas, liberais, assim como as neoliberais, o processo democrático, o socialismo científico, o anarquismo, o comunismo, o cristianismo, o budismo, o islamismo, o sionismo que é racismo, portanto é o que diz a ONU, temos que lutar contra o fascismo o nazismo que constitucionalmente é proibido essas práticas  no Brasil, por ser nocivas socialmente e levar a transfobia, a homofobia, o racismo, assim como a violência contra a mulher e outras coisas indesejáveis do ponto de vista de uma nação de imensas diversidades como a nossa. É  preciso realmente emancipar o ser humano na sua formação cultural, intelectual, social, e educacional. Se a educação não serve para ensinar nada, qual a lógica de propor um espaço de emburrecimento, como desejam alguns parlamentares mal intencionados. Ou seja como escreveu Lao -  Tsé na antiguidade, "instruir o povo é enfraquecer o governo", e só deixa de ser se houver respeito, transparência e a responsabilidade com a coisa pública do agente público empossado nos poderes constituídos, sejam no Executivo, no Legislativo ou até mesmo no Judiciário.  E deixar de apenas citar em discurso que a educação é prioridade. Ou seja deixar de serem falsos profetas como aliás já estamos cansados de ver.

Democracia é entender como funciona a vida alicerçada nos princípios do poder do povo, como aliás ensinamos nas escolas hoje ao apontarmos para leitura do contrato social de Jean Jacques Rousseau. E nisto ainda falamos da igualdade, da liberdade e da fraternidade que também parte da proposta de iluminista como Voltaire e Montesquieu, o que leva a entender a proposta de Escola sem partido de uma estupidez imensa. Embora saibamos que todos esses princípios foram proclamados por uma sociedade exploradora com instituições limitadas no seus raios de ações e tem sim um caráter formal. Sabemos que o poder politico está nas mãos de uma classe que detém os meios de produção, portanto o que entendemos ser a democracia burguesa. A proposta ideal era que todos os meios de produção assim como o poder politico, tivesse o povo como responsável através de suas vozes e forças politicas bem determinadas nos parlamentos e na vida social de um modo geral. Mas isto não ocorre. O importante é que as escolas possam simplesmente ter suas resoluções com as comunidades escolares, com liberdades do ensinar e aprender, com liberdade de cátedra,  organização de suas  verbas pra ser a melhor escola.

O problema da criança, do adolescente, do marginalizado, das famílias, dos assuntos diversos, escritos, falados ou televisionados, que possam ser objetos de estudos revelados assim como os problemas sociais são da comunidade a que pertencem e precisam ser resolvidos pelo conjunto da população que precisa discutir temas como educação, saúde, assistência social, segurança tecnicamente com os responsáveis, que não pode apenas ouvir. Mas agir, com a criação de núcleos democráticos nas comunidades  para efetivamente discutir e encaminhar para resolver os problemas.

Sei que a escola realiza sim um ritual de iniciação com  modelos pedagógicos definidos como política educacionais ditadas quando deveria na minha opinião discutida, compartilhada, que leve a sério a dimensão social e política de todo processo. Sei sim que pode ser uma utopia, e que a mudança deva passar por educadores do próprio sistema e que reproduz os problemas que precisam ser mudados. Mas é desta crença utópica que pode nasce uma nova realidade. Minha ideia inicial é revolução sim no processo educacional.



Manoel Messias Pereira

cronista, poeta, professor
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil







Nenhum comentário:

Postar um comentário