quarta-feira, 15 de junho de 2016

Crônica - Celebração da Luz - Manoel Messias Pereira


A Celebração da Luz

Nascer é ter uma vida a luz da realidade. é a celebração da vinda de mais um ser humano, objetivando um Natal, independente da data, do local, em cada família um brilho de amor.

O pai corre com um sorriso na face geralmente dá um abraço afetuoso na gestante, procura o mais próximo amigo, tenta combinar a ideia de serem compadres.

As avós geralmente procura um pirão de frango, sopas, fala em dieta para a parturiente e até uma cerveja preta, que sempre disse que é pra ter mais leite.

A mãe com tetas enormes, como a de minha mãe, jorram leites, como néctas dos deuses. Nascer é sempre uma festa, em cada casa até a molecada dos vizinhos aparecem de canequinhas querendo um leite quente da mamãe.

Geralmente as pessoas da vizinhança chegavam olhavam a criança, e diziam "Benza Deus", a criança acordavam e a mãe dava de mamá, e a pequena pegava numa gulodice e imensa.

Outro ritual é o do nome, algumas casas fazem a combinação do nome do pai e da mãe, sai cada nome esquisito. Já outras famílias aproveitam o nome do pai ou da mãe, ou dos avós, lembram  dos avós  ou  deste ou aquele parente importante no contexto. Enquanto o nome não vem chama a criança de Nenê. Quando é menina Nena, ou já vi menino de  Neno.

Na minha casa quando nasceu meu irmão, ficamos chamando ele de Nenê e faz 51 anos é mais conhecido assim na família. E o nome dele é  Florêncio, o mesmo que da minha mãe Dona Florência. Este nome faz-me lembrar da primavera, quando os jardins e as árvores florescem, quando uma chuva fina caem, e os pássaros enfeitam o céu.

Saindo do meu exemplo e voltando a falar das outras crianças, com o nascer a sempre um rito de graça, minha avó sempre dizia, a criança quando nasce cresce que nem abóbora.

É natural a ideia de nascer e crescer com saúde, como as flores da primavera, e quando começa a gatinhar, a dar os primeiros passos, a ensaiar correr, a cair, dizem que isto é um dom natural de Deus. Mas quando questionamos sobre as questões das crianças que nasceram doentes ou morreram, a explicação é que as pedras não dão flores, que as plantas não andam e que os anjos e os homens participam da vida de Deus de forma diferente. Pois as crianças que faleceram viraram anjos e as que tiveram outro ritual como a doenças estão purificando a alma para Deus. 

E a questão de que ninguém vê Deus, os mais velhos diziam anteriormente que ele é um ser sobrenatural acima de nossas vidas. Sempre sorria com essa explicação.

Meu pai dizia Deus é quente como o Sol, e nós negros estamos bem próximo dele, somos mais escuros, mais abençoados. Mas minha mãe dizia os pequeninos é que estão mais próximo, dizia que Jesus recitava "vinde a mim as criancinhas" E ela completava são anjos.

Eu sempre ria disto tudo, e pensava, no nascer é como um raio de luz é Natal, mas o leite, a alegria a celebração do nascimento de uma criança é de alegria, é uma festa de carnaval.



Manoel Messias Pereira

poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto - SP



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