Umberto Eco, vida de bons ensinamentos
(a morte dizia Sêneca - para a alma tornar -se pura ela precisa se libertar do corpo)
Hoje todos estão de certa forma um pouco mais calados, diante do silêncio das palavras, faleceu o escritor italiano Umberto Eco, as 22 horas do dia 19/02/ de 2016 , em sua residência e a causa não foi revelada, ele que érea casado com Renate Ramge, nascido em Alexandria no Piemonte no norte da Itália as margens do Rio Pó em 5 de janeiro de 1932, foi um escritor que, sempre apresentou-se com muita desenvoltura entre a literatura e a academia.
Para falar de Umberto Eco, usarei a expressão de Sêneca "Olharei a morte ou a comédia com a mesma expressão fisionômica. Submeter-me-ei a trabalhos, não importando de que magnitude forem, sustentando a força do meu corpo por aquela minha mente. Desprezarei as riquezas, quando as tiver, tanto quanto as desprezo quando não as tenho. Não tomarei conhecimento da sorte, que seja quando vier ou quando for. Olharei para todas as terras, como se elas me pertencessem e para as minhas próprias como se pertencessem a toda a humanidade. viverei de tal modo que sempre me lembro de que nasci para os outros pelo que agradeço à Natureza, pois, de que outro modo ela poderia fazer melhor por mim? Ela tem dado a todos e todos a mim. Nada farei em função da opinião pública, mas tudo em função da consciência."
A Revista Cult apresentou uma reportagem a quatro anos atrás em que mostrava Umberto Eco, percorria vários campos desde a semiótica, a estética, a linguística a história da literatura. E na oportunidade classificava os seus pensamentos entre São Tomas de Aquino e Pierce, Aberlado e Karl Popper, saltando de textos da Idade Média ao processo informático.
Umberto era um especialista em James Joyce (limite da interpretação) e boa parte da sua vida foi na Universidade de Bolonha a mais antiga da Europa fundada em 1088, lá trabalhou como professor titular da cadeira de semiótica. Assim como trabalhou temporariamente em Harvart e no Collège de France. Ainda assinou a curadoria do Programa Artístico do Museu de Louvre em Paris.
Entre os seus maiores sucessos literários citamos o "Nome da Rosa de 1980", "O Pendulo de Foucault de 1988", a "Ilha do Dia anterior de 1994", "Bandolino de 2000" " A Misteriosa Chama da Rainha Luana de 2004" o Cemitério de Praga de 2014" e por fim a obra "Numero Zero" que segundo escreveu a jornalista Helena Vasconcelos no Ípsilon, Eco deita a mão de um estratagema, ao imaginar a criação de um periódico com características peculiares torna-se implacável e corrosiva e não se inibe em desmontar a máquina dos médias contemporâneos.
Eco fundou o Departamento de comunicação da Universidade de San Marinho , foi professor emérito e presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos, e doutor Honoris Causa em Comunicação da Universidade de Turim.
Em escola de segundo grau observei que professores, por indicações de livro, passava todo o filme "O nome da Rosa ", para seus alunos e tiveram problemas com os pais devido a cenas inadequadas talvez para adolescentes. O que é preciso é realmente os profissionais da educação, não deixar envolver-se pela emoção da arte, e aproveitar apenas trecho da obra para dar visibilidade ao período histórico como o a idade Média, seu teocentrismo ou coisa assim que valha a pena, trazer em pauta para a aula. Sobre a questão da semiótica só passei a entender lendo um livro que tratava-se da obra do escritor paulistano e antigo secretario de cultura Mario Chamie. Recordo que foi no curso de Literatura Comparada é que vi uma abordagem mais completa de Umberto Eco.
Com o mesmo olhar de Lucio Anneu Séneca, quem conhecemos por Sêneca, conselheiro e preceptor do imperador romano Nero, entendemos Umberto Eco na sua trajetória de vida. Dizia Sêneca "Distingue se o corpo da alma, a alma é que prende o corpo onde está o verdadeiro homem, mas para a alma se torne pura ela tem de se libertar do corpo. Embora ele disse que a alma na sua irracionalidade é dividida entre a paixão e a humildade. Mas tudo é feito não em função da opinião pública mas da consciência. E pela caminhada da vida, pela experiência vivida, na literatura, na Universidade, penso que Umberto Eco, parte, deixa a alma libertar do corpo como desejas filosoficamente Sêneca, mas nos seus 84 anos de idade estabeleceu no mundo a pureza dos seus sábios ensinamentos.
Manoel Messias Pereira
cronista
membro da Academia de Letras do Brasil
São José do Rio Preto -SP. Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário