Cálculo prevê comportamento de água e óleo em tubulação
Por Júlio Bernardes - jubern@usp.br
Publicado em 26/fevereiro/2016 | Editoria : Tecnologia | Imprimir |
Publicado em 26/fevereiro/2016 | Editoria : Tecnologia | Imprimir |
Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisa de Iara Hernandez Rodriguez realizou experimentos e desenvolveu um modelo matemático e simulação numérica para compreender e prever o comportamento de misturas de água e óleo em tubulações. O estudo também verificou a ocorrência do fenômeno conhecido como redução de atrito, em que a mistura durante o escoamento apresenta perda de pressão menor que a água isoladamente. Isto pode contribuir para minimizar a perda de energia durante o transporte do óleo, otimizando atividades da indústria petrolífera, como a extração de petróleo nas áreas profundas de reservatórios.
Poços injetores de água ajudam no processo de extração em reservatórios com pressão insuficiente para trazer o óleo até a superfície. Por meio dos poços, a água é injetada no reservatório, normalmente para aumentar a pressão e desse modo estimular a produção facilitando o deslocamento do óleo que resta no fundo.
“Um dos resultados desse processo é a obtenção de um escoamento de óleo, gás e água, que escoam juntos”, explica a pesquisadora. “Quando a proporção de água é maior, e o petróleo escoa disperso em forma de pequenas gotículas, o escoamento denomina-se emulsão inversa, que é o foco principal da pesquisa”.
Uma parte do trabalho experimental foi realizada na EESC, e outra em instalações experimentais da Shell, na Holanda. “O escoamento disperso foi simulado em uma tubulação de 12 metros (m) de comprimento e 26 milímetros (mm) de diâmetro, instalada no Laboratório de Engenharia Térmica e Fluidos (LETeF) da EESC”, afirma a pesquisadora.
Escoamento
Para o estudo do escoamento foram realizadas medições de queda de pressão da mistura. “A fim de detectar os padrões de escoamento, empregou-se uma câmera de alta velocidade colocada junto a tubulação”, relata Iara.
Para o estudo do escoamento foram realizadas medições de queda de pressão da mistura. “A fim de detectar os padrões de escoamento, empregou-se uma câmera de alta velocidade colocada junto a tubulação”, relata Iara.
Por meio de um tomógrafo desenvolvido no Laboratório foram obtidos parâmetros do escoamento, como a fração volumétrica in situ,ou seja, a quantidade de óleo e água na mistura. “A coleta dos dados experimentais permitiu o desenvolvimento de um modelo matemático capaz de prever alguns parâmetros do escoamento, tais como o deslizamento entre as fases e a espessura da camada de água que se forma na região próxima à parede da tubulação”, observa a pesquisadora.
O estudo também permitiu compreender de modo mais abrangente o fenômeno conhecido como redução de atrito ou arrasto, principal motivação para o desenvolvimento da pesquisa. “Quando há óleo disperso na água em forma de gotículas escoando a altas vazões foi observado que a perda de carga, ou seja, perda de energia na tubulação, é menor do que quando há apenas água, escoando em condições semelhantes, ou seja, é necessária uma quantidade menor de energia para transportar a mistura”, ressalta a pesquisadora. A compreensão desse fenômeno contribui para a otimização do processo de transporte de óleos pesados e a minimização da perda de energia envolvida”.
O trabalho Estudo Experimental e Modelagem do Escoamento de Emulsão Inversa em Tubulações, da aluna Iara Hernandez Rodriguez, recebeu o prêmio de melhor tese de doutorado no 23º International Congress of Mechanical Engineering (COBEM), realizado em dezembro de 2015 e promovido pela Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM) em parceria com a empresa Embraer. O estudo foi orientado pelo professor Oscar Maurício Hernandez Rodriguez, do Departamento de Engenharia Mecânica da EESC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário