segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Crônica - A caminhada matinal - Manoel Messias Pereira


A caminhada matinal

Nas minhas manhãs acordo com os cantos dos pássaros, são eles que logo pela amanhã enfeitam as árvores e traz uma sinfonia gostosa pra que possamos levantar, olhar o céu, e ir para a caminhada com o meu cachorro, o Puff.

A caminhada que vai do jardim, as ruas, as avenidas, onde o cachorro procura o poste, as arvores pra fazer o xixi, marcar seu território. E ao passar meia hora, o cachorro geralmente volta pra casa e vem adormecer bem debaixo de minha mesa de estudos.

Esse é um aspecto desta minha cultura urbana, desta forma de preparar-me para ir a escola, recolher as expressões do processo de aprendizagem das crianças. De corrigir os erros e aprender com eles. Os erros fazem parte do mundo, de nossa aprendizagem.

Tem pessoas que creem que viver é estar plenamente voltado em ganhar dinheiro, em estar sempre pensando em juntar valores. Mas viver é respirar a alegria de um dia que começa. Quando ouço os pássaros sempre penso que há um recado do criador, vindo por intermédio deles. Mas como o que sabemos é certeza até o desenvolvimento deste ou daquele trabalho científico em vários estudos. Quando a certeza cai e desmascarada entramos na via das incertezas sorrimos, e buscamos outros entendimentos que sai da religião da antropologia. O importante é viver num mundo em que devemos respirar aprendizagem sendo sempre um eterno aprendiz.

As ruas hoje são vias pra escoamento de emoções, há rapazes que voam com suas máquinas motorizadas, mas há também as pessoas que correm para seus trabalhos, ou que voltam para os seus lares. Há quem diga que não é escoamento apenas de emoção mas da razão da vida. Eu procuro passear pelas ruas e avenidas e principalmente pela manhã, quando meu cachorro quer marcar o terreno, e quer fazer-se o imperador das cadelinhas. E eu fico na observação das estradas, na leitura da existência, nas pessoas que caminham, nos veículos, automotores ou não. E observo com tristeza a falta de árvores, ou quando há árvores a poda indesejada, pois uma árvores quase sem folha, não abriga a beleza dos pássaros, e não faz sombras. E lembro que vivemos numa zona temperada tropical e que há uma incidência de calor imenso. Mas quem corta as árvores parece que nunca pensa nisto.

É preciso lembrar que há uma incidência de calor e uma umidade do ar muito baixa, portanto seca, mas há pessoas instruídas em atirar fogo em tudo, mas não há uma instrução para as pessoas entender que elas não estão sozinha no mundo e que pode haver crianças na redondeza com bronquite, com sintoma asmático, e que a queimada provoca a perda da qualidade de vida.

Todos os nossos olhares sobre as vias públicas, nasce também  de uma estética, o da beleza da existência. Um culto fixo, permanente o da felicidade.

Não sabemos o pensam todas as pessoas, não sabemos o que fazem cada pessoa que passa por nós, mas  acreditamos que cada qual tem um olhar de diferença ou de indiferença sobre o mundo. Eu acredito que passo plenamente pela vida, como se a minha existência possa traduzir-se numa contemplação sobre a natureza e a sua beleza. E os meus passeios pelas manhãs é como se fizesse um rito barú cotidianamente para o cortejo da vida, deste respirar de esperanças, em que penso nas árvores, nas faunas e nas floras brasileiras, e na alegria que compartilho com as pessoas com quem troco sorrisos e amizades.

Guardo a paz em mim, para compartilhar com o meu próximo e uso do culto de minhas letras para instaurar a restruturação sensível da interpretação das conversas de minhas falas e de minha consciência da causalidades, embora saiba que vivo num mundo preconceituoso, traçado econômica e politicamente com certeza adverso a minha pobreza, que tenho apenas um cão, deitado debaixo da mesa e que passeia e divide comigo a contemplação da existência.


Manoel Messias Pereira

cronista, poeta e professor
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São Jose do Rio Preto -SP. Brasil



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