quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

República Centro-Africana: ONU recebe novas denúncias de abuso sexual envolvendo estrangeiros



Menina teria feito sexo oral em soldados franceses, em troca de uma garrafa d’água e um pacote de biscoitos. Novos casos envolvem oficiais da Força da União Europeia e da Operação francesa Sangaris.
Campo de M’Poko para pessoas deslocadas. Episódios de abuso sexual teriam ocorrido dentro ou em áreas próximas ao local, segundo informações da equipe da ONU na República Centro-Africana. Foto: ACNUR / A. Greco
Campo de M’Poko para pessoas deslocadas. Episódios de abuso sexual teriam ocorrido dentro ou em áreas próximas ao local, segundo informações da equipe da ONU na República Centro-Africana. Foto: ACNUR / A. Greco
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, afirmou, nesta sexta-feira (29), estar ‘extremamente alarmado’ quanto ao surgimento de novas de denúncias de abuso e exploração sexual, envolvendo menores de idade e forças militares estrangeiras na República Centro-Africana.. Uma equipe da ONU entrevistou cinco meninas e um jovem que teriam sido assediados por oficiais da Força da União Europeia (EUFOR) no país ou por soldados da missão francesa Sangaris.
Todos os seis casos teriam ocorrido dentro ou próximo do campo de M’Poko para pessoas deslocadas, em Bangui, capital da nação africana. Duas adolescentes alegaram terem sido estupradas por militares da EUFOR, enquanto outras duas afirmaram que foram pagas para ter relações sexuais com soldados da missão. Embora a nacionalidade dos oficiais permaneça incerta, três das quatro vítimas acreditam que se tratava de militares da Geórgia. As jovens possuíam entre 14 e 16 anos de idade na época dos abusos.
De acordo com a equipe da ONU, a maioria dos crimes teria ocorrido em 2014. Uma menina e um menino, que tinham sete e nove anos, respectivamente, quando foram assediados, alegaram ter realizado favores sexuais para militares franceses das tropas Sangaris. A garota disse ter feito sexo oral em soldados, em troca de uma garrafa d’água e um pacote de biscoitos. Ambas as vítimas afirmaram que outras crianças foram abusadas de maneira similar, em incidentes repetidos dos quais participaram vários soldados franceses.
O alto comissário da ONU levou os casos relatados às autoridades europeias, georgianas e francesas e se disse confiante quanto às respostas iniciais dos governos, que afirmaram ter começado investigações ou encaminhado as denúncias ao judiciário. “Essas são acusações extremamente sérias e é crucial que esses casos sejam investigados de forma urgente e minuciosa”, disse o chefe de Direitos Humanos da ONU.
Agentes da ONU também receberam denúncias associadas membros das operações das Nações Unidas na República Centro-Africana. Casos estão sendo averiguados juntos aos países que contribuem com suas tropas para as missões de manutenção de paz da Organização. “Crimes demais desse tipo continuam sem punição, com os perpetradores gozando de plena impunidade. Isso simplesmente encoraja novas violações. Os Estados têm a obrigação de investigar, processar e garantir que as vítimas recebam a reparação a que elas têm direito”, afirmou Al Hussein.

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