quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Crônica - Chico e Mané - Manoel Messias Pereira





Chico e Mané

Numa tarde caminhando pelo centro da cidade de São José do Rio Preto, parei próximo a banca de revista do meu prezado Alberto, bem próximo ao Fórum, na rua Voluntário de São Paulo, quase esquina com a Rua Marechal Deodoro, olhava eu as manchetes dos jornais das revistas, observava os clientes da banca uns que procuravam uma revista para as crianças, outros que desejava ver uma apostila pra concurso, outros queria o Jornal Bom dia, a quem desejava falar do texto do diário da região. Vi pessoas falando da crise, outros falando do PT, da boca doce do PMDB, quando aproxima-se de mim um bilheteiro.

Era um senhor de pele clara, quase careca, de estatura baixa, com vários bilhetes e fica olhando meu rosto como quem desejava encontrar uma pessoa conhecida. Examinando os traços de meu rosto, uma observação que deixou-me intrigado. E foi quando perguntei:

_O senhor quer vender bilhete?

E ele observando-me, retrucou:
_Você não quer comprar um bilhete?

E eu disse:
_Não tenho palpite.

Mas ele disse eu te conheço?

E eu também disse :
_provavelmente.

Esse pequeno diálogo, fez com que pudéssemos entrar no café, e tomarmos cada um expressinho. E depois ficamos sabemos que estudamos na mesma escola a 50 anos atrás, e eu informei-o que a nossa professora foi de princípio uma senhora chamada dona Magali Corrêa, que na época afastou-se e veio uma nova professora a dona Marilene, que era uma moça encantadora. E hoje ainda é uma pessoa maravilhosa, foi ela a minha inspiração, para o processo educacional.

Fiquei sabendo que o bilheteiro chamava Francisco. E ele sabendo que eu era o Manoel. E o nossos nomes foi a chave de tudo. O que não esquecemos com o  os nossos rostos de crianças.

Mas como sempre tenho minhas histórias, veio a lembrança daquele menino no pátio de nossa escola o Grupo escolar Dr. Cenobelino de Barros Serra, lá na avenida da Saudade, quando ele empurrou-me na fila e eu caí por cima de uma garotinha, que enfiou-me um tapa no rosto. Não pensei duas vezes marquei ele. E enfiei um bicudo na canela de Francisco.

Por que ele não esqueceu da minha pessoa, do meu rosto? Eu mesmo respondo. Na época ele apanhou. E há um ditado de quem apanha nunca esquece.

E talvez isto é que fez ele vir com um olhar de quem examinasse, um rosto com a minucia de um arqueólogo, e desvelando as nossas histórias. Principalmente essa de uma briguinha de criança, que provavelmente não esquecemos porém, o que passou faz parte da nossas vidas. Mas não recordamos aquele momento espinhoso. Apenas conversamos sobre outras coisas amenas por exemplo nossos filhos, netos, e por fim ainda comprei três bilhetes. Eu que não tinha palpite pra bilhete de loteria. Ele despediu de mim dizendo, que Deus te abençoe, e eu com todo o respeito acrescentei com toda a reciprocidade. Até outro dia.



Manoel Messias Pereira

cronista, poeta
São José do Rio Preto -SP. Brasil


Taiguara

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