sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Crônica - As mulheres no tempo e no Espaço - Manoel Messias Pereira






As Mulheres no Tempo e no Espaço

A cidade de São José do Rio Preto -SP., teve a felicidade de tido o    Encontro Estadual do Coletivo Classista Ana Montenegro, em 31 de outubro de 2015.  E esse encontro foi um passo importante para o início de uma transformação radical de todo o processo de relações humanas, partindo do princípio de gênero na luta de classe.

E isto fez-me voltar no tempo, pelo menos a 20 anos, quando em setembro de 1995, no Rio de Janeiro havia um encontro da preparação para a 4a. Conferência Mundial sobre a Mulher em Beijing capital da China. Quando naquela oportunidade a revista caderno do Terceiro Mundo estampou a reportagem assinada pela jornalista Patricia Costa, intitulada "Sexo frágil não foge à luta." E o tema discutido naquela oportunidade foi o papel do Estado e a realidade brasileira, ações do movimento de mulheres no Brasil sob a ótica do gênero nas políticas públicas e serviram de aprofundar a troca de experiências com mulheres de diferentes regiões do Brasil e com realidades diversas, o que permitiu um amadurecimento das temáticas e uma contribuição enorme para os orgãos governamentais e os Conselhos Estaduais, que na oportunidade eram 11 (onze) apenas e 40 (quarenta) municipais na época.

Naquela oportunidade vale lembrar que a Coordenadora Regional do Brasil e do Cone sul para a Mulher a senhora Branca Moreira Alves, teceu críticas a Igreja Católica Apostólica Romana, citando -a como "medieval" e que desejava eliminar a camisinha em plena evidência do HIV. E ainda teceu críticas ao Brasil lamentando que as políticas públicas brasileiras para as mulheres estavam no papel como o chamado "Pacto da Igualdade" por falta de vontade política.

Mas o tempo como diz Caetano Veloso "É o senhor de todos os ritmos, e tão bonito quanto a cara de nossos filhos", neste momento trocando o pronome possessivo  como ele usa na canção (meu) e dizendo e usando (nosso), de forma plural. Mas o tempo precisa do espaço, pra elucidar pra refletir todas as paciências da existência. Todo o reflorir da consciência.

E ainda hoje alicerçamos movimentos de luta pela vida, pela liberdade. E todo o movimento parte do princípio da dialética. Portanto nada está a sombra de um modelo, todas as ações parte desta dialética. E o quadro exposto em relação a mulher é uma pintura de dor, de violência, que humilha, que assusta, que traumatiza, que mata e também aumenta o risco das mulheres contrair doenças sexualmente transmissível.

No Brasil a cada 5 minutos, uma mulher é agredida e em 80%dos casos o agressor é o marido, companheiro ou namorado. A violência doméstica e a principal causa de morte e deficiência de mulheres de 16 a 44 anos. Essa violência não é só por agressões físicas como chutes, socos, ponta-pé, tapas, mas também violência psicológica, moral, patrimonial e sexual. Essa violência pode ter efeitos imediatos, a curto, médio e longo prazo. É um trauma, uma marca.

A mulher que é vítima de todas essas agressões necessitam de atendimento policial, médicos, jurídicos, social e  psicológico. E atualmente há outras violências como o tráfico de mulheres, tema que ganhou visualidade no século XXI, assunto pauta da Campanha da fraternidade do ano de 2014, e também da Convenção de Palermo 2000 das Nações Unidas. Chamada a ressignificação das práticas capitalistas em que a humanidade se vê diante de novos tempos e espaços. Sendo que as mulheres estão entre as principais vítimas do  tráfico  de pessoas  (83%) segundo os estudos  da UNODC e em 92% dos casos, o aliciamento é para a exploração sexual.

E por fim é preciso que todas as pessoas de bens morais e éticos possam unir-se num mesmo esforço de respeito a diversidade e, respeito a pessoa humana. E com isto implementar um novo quadro com pinturas da realidade. Numa exposição da Paz entre todos os seres humanos. Por isto creio que este Encontro Estadual do Coletivo Classista Ana Montenegro foi extremamente importante para os alicerces de uma política  de pleno respeito.



Manoel Messias Pereira

Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB


professor de História
São José do Rio Preto -SP. Brasil




Nenhum comentário:

Postar um comentário