sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sonoridade - Thais Macedo

Thais Macedo
cantora brasileira




O Baobá do samba.
Revelação da cena musical brasileira, Thais Macedo brilha com sua arte contagiante impressa em voz que ecoa mundo afora

Cantora-revelação da atual safra de intérpretes que ilumina a cena musical brasileira, Thais Macedo surge como a mais recente aposta de um mercado fonográfico em ritmo frenético de desaceleração, mas ainda com discernimento e sensibilidade suficientes para absorver promissores artistas que se destacam em uma renovada e atuante geração. Dona de um ímpar material vocal, capaz de transitar com maestria e destreza pelo samba e pelo choro, essa fluminense, nascida em Macaé e criada na cidade litorânea de Rio das Ostras, entra na roda embalada pelos novos ventos que apontam para o reordenamento do ranking de vozes femininas da atual boca de cena no país. Thais Macedo aterrissa segura neste solo fértil adubado por mestres, como Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth, Cartola, Candeia, Heitor dos Prazeres, Noel, Synval, Ismael, Paulinho da Viola, Baden, Paulo César Pinheiro. Carrega na barra da saia com que varre o palco a força cênica de divas da MPB, verdadeiras “entidades” que ajudaram a construir a história de nossa música. Estão nela, a elegância de Elizeth, a explosão e dramaticidade de Clara, a eloquência rítmica e o tom passional de Elis, a brejeirice de Carmen. É uma sensacional novata que se distingue pelas interpretações primorosas.

Desde o ótimo álbum de estreia, “O dengo que a nega tem”, em 2011, Thais tem se firmado como um dos grandes talentos da nova safra de cantoras brasileiras.  O título fora inspirado em música homônima de Dorival Caymmi (1914 - 2008) e já traduzia com precisão toda a desenvoltura desta artista incomum que vem trilhando um caminho seguro e luminoso no disputado cenário de nossa MPB, pautado por registros vocais brilhantes, mas também por cantos efêmeros e dissonantes. Thais é uma singularidade. Sua arte comove, impressiona, arrebata. Para uma cantora com cinco anos de carreira, não é pouca coisa já ter arregimentado, por exemplo, uma legião de fãs que a acompanha a cada apresentação. A luz que a guia a cada entrada em cena nos palcos do Rio de Janeiro é a mesma que a impulsiona para os de outras tantas cidades de Norte a Sul do Brasil. E também para o exterior. Neste 2015, ano em que está lançando seu novo trabalho, batizado “Borogodó”, ela parte rumo às cidades francesas de Lille e Nice para ratificar que seu talento ultrapassa fronteiras, que seu canto é universal.  Em Lille, participará do Lille 3000, um dos mais importantes festivais de arte que agita a capital da Flandres francesa. Já em Nice estará a bordo do Trem do Samba, projeto do cantor e compositor Marquinhos do Oswaldo Cruz, que aterrissa pela primeira vez na Europa.

Com seu “Borogodó”, Thais Macedo alça novos voos em um EP, por meio do qual caminha pelo samba pop com a propriedade de uma veterana. Mas ciente de que a força de seu canto é originária das tradicionais rodas de samba do Rio, ela flerta com a jovialidade rítmica do pop sem, no entanto, interromper o diálogo com o legado soberano dos ícones do mais importante e popular gênero musical brasileiro. Thais Macedo é a semente que germina predestinada a se converter no maior dos baobás do Brasil, a árvore que o “Pequeno Príncipe”, de Saint-Exupéry, impede que se prolifere em seu asteroide, mas que, no candomblé, por ser considerada sagrada, jamais deve ser cortada ou arrancada. Sob as bênçãos dos ancestrais africanos, Thais Macedo é o nosso baobá do samba. Está escrito.

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