Um milhão de refugiados e migrantes fugiram para a Europa em 2015, informa ACNUR
Metade daqueles que cruzaram o Mediterrâneo neste ano – o que corresponde a cerca de meio milhão de pessoas – eram sírios fugindo da guerra em seu país. Os afegãos representam 20% desse fluxo e os iraquianos 7%.
Perseguição, conflito e pobreza têm forçado cerca de um milhão de pessoas a fugir para a Europa em 2015, um número sem precedentes, de acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).Até esta segunda-feira (21), cerca de 972 mil pessoas atravessaram o Mar Mediterrâneo, de acordo com números do ACNUR. Além disso, a OIM estima que mais de 34 mil pessoas cruzaram por vias terrestre da Turquia para a Bulgária e Grécia.
O número de pessoas deslocadas pela guerra e conflitos armados é o mais alto já visto na Europa Ocidental e Central desde a década de 1990, quando vários conflitos eclodiram na antiga Iugoslávia.
Metade daqueles que cruzaram o Mediterrâneo neste ano – o que corresponde a cerca de meio milhão de pessoas – eram sírios fugindo da guerra em seu país. Os afegãos representam 20% desse fluxo e os iraquianos 7%.
“À medida que os sentimentos xenofóbicos crescem em algumas áreas, é importante reconhecer as contribuições positivas que refugiados e migrantes fazem às sociedades em que vivem e também aos valores europeus fundamentais: protegendo vidas, defendendo os direitos humanos e promovendo a tolerância e a diversidade”, disse o alto comissário da ONU para Refugiados, António Guterres.
Migração legal e segura
“Sabemos que a migração é inevitável, é necessária e é desejável”, acrescentou o diretor-geral da OIM em Genebra, William Lacy Swing. “Mas não é o suficiente contar o número daqueles que chegam, pois quase 4 mil pessoas neste ano estão desaparecidas ou se afogaram. Nós também precisamos agir. A migração deve ser legal e segura para todos, tanto para os próprios migrantes como para os países que se tornarão seu novo lar.
Mais de 800 mil refugiados e migrantes vieram através do Mar Egeu da Turquia para a Grécia, sendo responsável por 80% das pessoas que chegam de forma irregular à Europa neste ano por via marítima. Ao mesmo tempo, o número de pessoas que atravessam a partir do Norte de África para a Itália caiu ligeiramente, de 170 mil em 2014 para cerca de 150 mil em 2015.
O número de pessoas que atravessaram o Mediterrâneo aumentou de forma constante desde janeiro, quando foram registradas 5,5 mil pessoas, até outubro, quando o número de registros chegou ao pico mensal de mais de 221 mil refugiados e migrantes. Enquanto isso, mais de 3,6 mil pessoas morreram ou desapareceram.
Após uma reação caótica inicial que resultou em dezenas de milhares de pessoas que se deslocaram da Grécia para o lado ocidental dos Bálcãs e para o norte, impedidos de transitar por várias fronteiras, agora uma resposta europeia mais coordenada está começando a tomar forma.
O ACNUR lançou uma resposta de emergência para apoiar e complementar os esforços europeus. Mais de 600 funcionários e recursos de emergência foram enviados para 20 diferentes locais, oferecendo assistência vital e proteção, além de defender os direitos humanos e o acesso ao refúgio – particularmente para os refugiados com necessidades específicas, tais como crianças e mulheres à frente de suas famílias. Doações em dinheiro podem ser feitas pela página do ACNUR no Brasil: www.acnur.org.br
Há ainda muito mais que precisa ser feito para reforçar a capacidade de recepção exigida nos pontos de entrada, prover acomodações humanas e eficazes, assistência, registro e análise das pessoas que chegam todos os dias – para identificar aqueles que estão em necessidade de proteção, aqueles que devem ser realocados para outros países dentro da União Europeia, e àqueles que não são enquadrados para obter proteção de refúgio dos quais os mecanismos de regresso eficazes e dignos têm de ser postos em prática.
Ao mesmo tempo, o ACNUR continua a chamar a atenção para as questões de segurança, de maneiras legais para que os refugiados encontrem segurança por meio de mais programas de reassentamento e admissão humanitária, de regime de vistos mais flexíveis e por mais programas de investimento privado e outras possibilidades.
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