A saga proletária brasileira
É na vida aprendemos a acreditar em tudo, a chorar por tudo, a pensar em tudo e a ter um sentimento no mundo. Sentimos profundamente só num turbilhão da existência. Chamamos pela psicologia para acalmar nossos egos, na filosofia para entender nossos egos, na história pra entender a trajetória de nossas tragicomédias, a sociologia para buscar soluções macros ou micros para sair desta ou daquela condição social, e caímos na antropologia, pra fazer a leitura dos signos de nossas raízes e por fim recorremos as religiões para socorrer de tantos pecados, e culpas da própria condição de respirar e se sufocar. Entendendo que todos os momentos são diferentes uns dos outros, e cada captação de meu olhar sobre a realidade tem conexão e entendimento diferente, na convergência ou na divergência. O que precisamos entender é que vivemos na pura dialética materialista e histórica.
Precisamos de roupa pra vestir, calçados para calçar nossos pés, comidas, como arroz, feijão, carne, verdura, precisamos de água pra tomar, assim como o café, vinho, a cachaça sei lá até embriagar, e entender, cada ser humano é único e universal, fruto soberano do pensamento soberano. E de forma consciente e inconscientemente, derivando ideias morais e práticas fundamentados na classe social específica.
A minha verdade é que sou e sempre fui um trabalhador. Portador apenas da minha força de trabalho, e sempre vivi do suor de meu rosto, e compartilhei com odos meu próximo, meu olhar de saber, a minha percepção da realidade. Uma realidade angustiante onde os salários são sempre sufocados pelas altas dos preços, sejam dos transportes públicos, dos alimentos, das vestimentas, das taxas e impostos pagos. Ficamos refém presos na concepção de liberdade, mas sem ter as condições materiais para alcançar definitivamente essa tal liberdade. Ou seja com a desgraça que chamam de salário não consegue durar ou não dá pra comprar os bens necessários para a vida. É apenas uma ração para que o trabalhador continue lutando enriquecendo a classe burguesa e como eu outros trabalhadores vão adoecendo de todas as formas.
E assim sigo neste desiquilíbrio da existência. Na vida como antítese da própria existência. Ou melhor sufocado pelas altas pressões do sistema, vivemos a premissa da teoria da violência desta denominação de Estado capitalista, social e politicamente organizado. Assim como eu outras vidas da mutação das espécies. E duro que poucos discutem isto ou sente-se comigo, num café, num chá sei lá pra trocar ideias pra conspirar contra o sistema, que a todo o instante faz-nos adoecer.
Vivemos pela matéria, não só eterna no tempo, mas também infinita no espaço. Assim como vimos as descobertas das ciências que alargam continuamente as fronteiras espaciais do mundo conhecido. E cada vez que procuramos estudar mais e mais, sentimos como somos um grau de areia, e como teoricamente e gigante a nossa ignorância sobre tudo.
Enquanto isto sabemos que pouco acrescentamos neste mundo em que valoriza o capital, e depreciam aqueles que vendem a sua força de trabalho. E os trabalhadores que procuram organizar-se em Trade Unions, em associações mutuarias ou em sindicatos, e temos a cooptação do Estado que mantem o fascismo da organização sindical, mossulinista desde o período de Getúlio Vargas, e cuja a estrutura ainda não houve grupo de trabalhadores descentemente prontos pra romper com isto. Na verdade o trabalhador está preocupado em manter-se vivo, em garantir a miséria feita salários que é paga no Brasil, num total desrespeito a intelectualidade que observa que este é um país capitalista e rico, mas que mantém uma politica social de país subdesenvolvido e dando um tratamento aos seus habitantes de forma depreciativa e degradante. e a desgraça é que na política o que se discute é qual partido foi ou tem mais corrupto do que o outro. O Brasil neste sentido é um chiqueiro, é horrível. E seus políticos uma monstruosidade. E o engraçado que estamos em plena campanha política para os cargos das cidades, ou seja prefeito e vereadores. Mas a população continua calada sem indignar-se, engolindo os próprios partidos e deglutindo as próprias bobagens faladas em propagandas e programas governamentais. E tudo regido e orquestrado por um Tribunal especificamente eleitoral. É um nojo.
Temos uma organização específica pra massacrar gente, pra deglutir vidas, passar tudo numa máquina de moer carne, numa figura de linguagem importante é transformando o ser humano em suco, em bagaço de cana em garapão e essa é a imagem que tenho da organização política. E quando o sujeito sente-se desgraçado, corre desesperado pra igreja e sempre tem um maldito pastor pra expulsar o demônio e tomar o mísero dinheiro do trabalhador. Ou seja tem sempre o explorador em nome de Deus da desgraça implementadas por toda a máquina administrativa e polida politicamente e socialmente.
Assim temos os espinhos da vida, mas com eles aprendemos acreditar em tudo, a chorar por tudo a pensar por tudo, ater sentimentos do mundo em pleno turbilhão da existência. E recorremos a psicologia para acalmar nossos egos, na filosofia para entender nossos egos, na história para entender a trajetória da nossa tragicomédia, a sociologia para buscar soluções macro e micros para sair desta ou daquela condição social e caímos na antropologia pra fazer a leitura dos signos de nossas raízes e por fim recorremos as religiões, para sanar o nosso pecado e a culpa da própria condição de respirar e sufocar-se, na dialética materialista da existência, sabendo que nada existe a sombra de um modelo e todo o momento é único e diferente a todo o instante. E isto é suficientemente apontado pra entender a lógica do meu existir, enquanto membro da classe trabalhadora, numa sociedade capitalista e selvagem estritamente violenta e perigosa.
Manoel Messias Pereira
cronista, poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto - SP.
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