sábado, 2 de julho de 2016

Crônica - A feliz etapa de cada juventude



A feliz etapa  de cada juventude.

Um dia dois seres humanos apaixonam-se, um pelo outro, e começam a teorizar uma estrada de relacionamento, em que haverá flores e espinhos, em que semearão luzes mas pode ter trevas, haverás bons ventos soprando a vida de ambos, como os ventos que sopraram os barcos dos descobrimentos que procuravam um porto pra se portar, haverás promessas que necessitarão de serem cumpridas, haverás preces, e o planejamento econômico. E assim a organização dos filhos, que nascerão e tudo isto provavelmente é a etapa feliz de cada juventude apaixonada.

Ao pensar na família pensa-se o processo educacional, em que cada passos dados precisam ter os pais e os filhos numa plena engenharia de amor e de carinho. Um dia lendo Jean Jacques Rousseau observei que ele afirmava que os filhos estão ligados aos pais senão o tempo que necessita deles. Portanto o filho é aquele que um dia cresce também apaixona-se por outro alguém e vai-se embora. E portanto cessa -se a necessidade de ficar com os pais o liame natural que desata-se.

Obviamente que esse filho vai ganhar a liberdade, vai pensar numa estrada muitas vezes diferente daquela que seus pais construíram. Terão outras fantasias da realidade, outras profissões. Outro olhar sobre o mundo. Embora mesmo com todas novas novidades, guardarão sempre o tempo em que construíram o seu aprendizados com os seus pais. Período em que aprenderam a cantar, a ler a escrever, a chorar. Tiveram sentimentos humanos e humanizados. Na primeira célula fundamental de uma sociedade como ensinavam na minhas primeiras escolas.

Como disse Rousseau, a liberdade é a consequência da natureza do homem. E sua primeira lei é velar pela sua própria conservação, seus primeiros cuidados. Pois todos tem a idade da razão, sendo todos juiz dos meios adstritos à sua conservação e fica por isto senhor de si mesmo. E quanto a família é para ele o primeiro modelo da sociedade política. O chefe é a imagem do pai, o povo é dos filhos. Nascidos todos igualmente livres. e não alienam a sua liberdade senão em proveito da sua própria utilidade. O amor dos pais pelos filhos recompensado que eles se dedicam com o carinho da existência.

Com isto estabeleço a minha discordância em relação Rousseau, pois  para mim o Estado tem uma conformação, e um propósito totalmente diferente de uma família. O Estado nada mais é do que uma organização que no seu íntimo resume o pensar da classe dominante. No caso do Brasil em que estamos num sistema capitalista, observamos que a nossa elite burguesa e aristocrata rural, mantém o olhar a ideologia desta classe  permanente na qual isto é a filosofia  recorrente inclusive da classe trabalhadora, que frustra-se diante de um salário mínimo, muito abaixo de um valor mínimo para atender as suas necessidades básicas, mas utiliza meios e ocasiões de exprimir-se no contexto utilizando as contradições existentes quer conquistada pela luta, ou pela posição na luta, como afirma o filósofo Louis Althusser.  Enquanto aqueles que vivem do lucro, compra a força de trabalho dos proletariados que não conseguem por o preço no seu trabalho. E com isto, temos os donos dos meios de produção, estabelecendo a santa miséria, da classe trabalhadora e mantendo o grande lucro da classe burguesa. E com o lucro patrocinando a organização política, de vereadores, prefeitos, deputados, senadores e inclusive a presidência numa relação promíscua na qual a burguesia patrocinam mas em troca recebem os serviços das pseudas licitações. Ou seja como ganham as licitações as empresas que mais contribuíram? É  evidente que há uma possível fraudes, e que algum dia na história da humanidade algum iluminado vai isto desvendar. Enquanto isto apenas ficamos na nossa santa ignorância não sabendo de nada, mas tendo esse santo entendimento.

Por isto não posso concordar com Rousseau quando ele fala da família e compara com o Estado. E voltando a ideia das paixões juvenis que levam todos a pensar num lar, numa casa com ou sem lareiras, com a ideia religiosa de orar para os ancestrais ou para ter um ninho de carinho amor e sabor, pensando nos pratos deliciosos e licores que provavelmente cada um vai aprontar em suas residências.

O importante também é lembrar que quando os filhos partem, os pais ficam com ciúmes, principalmente as mães. No dia dos casamentos geralmente as mãe choram. A verdade é uma só é preciso entender que a vida é um sonho que nasce como o desabrochar de uma flor, que fica mais bela com a chuva, como se a chuva fosse uma grande felicidade. Depois vem o sol, que a cada dia se esconde. A vida vai assim modificando o ser humano, vai envelhecendo e trazendo com o tempo as experiências vividas. O sonho de despertar para o brilho do sol e talvez a necessidade de morrer de eternizar. A família é um sonho arquitetado que permanece com outros autores, e que também vai aos poucos modificando e ganhando outras conformações que precisam de compreensão e respeito sempre.

Viver em família é um aspecto importante para a redenção, mas também para a prisão ou emissão da loucura da existência. Embora juntos, possamos teorizar uma estrada de flores devemos entender teremos espinhos, semearemos luzes, teremos trevas, teremos bons ventos soprando a vida, como os barcos dos descobrimentos a procura de um porto na aventura de sonhos, haverás promessas que necessitarão de serem cumpridas, haverá preces, e o planejamento econômico e assim a organização dos filhos, como flores ao vento livres,  na chamada etapa feliz de cada juventude.


Manoel Messias Pereira

cronista, poeta
membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil






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