sábado, 30 de abril de 2016

Mâe protestam em Mogi após morte dos filhos em ataques a tiro

Mães protestam em Mogi após morte dos filhos em ataques a tiro

Elas fazem parte do movimento 'Mães Mogianas - na Luta por Justiça'.
Dois policiais militares foram presos e aguardam julgamento.

Cristina Requena e Fernanda LourençoDo G1 Mogi das Cruzes e Suzano
Mães e amigos de joves mortos em ataques em Mogi protestaram por justiça neste sábado, 30 (Foto: Cristina Requena/G1)Mães e amigos de jovens mortos em ataques em Mogi protestaram por justiça neste sábado, 30 (Foto: Cristina Requena/G1)
Mães, familiares e amigos de jovens assassinados em Mogi das Cruzes nos últimos anos se reuniram no Largo do Rosário, em Mogi das Cruzes, na manhã deste sábado (30) em um manifesto por justiça. Segundo a organização do movimento "Mães Mogianas - na Luta por Justiça", cerca de 200 pessoas participaram. Já segundo a Polícia Militar, cerca de 20 mães participaram do ato.
Nos últimos anos, dezenas de jovens morreram em ataques a tiros em diversos bairros da cidade. Apenas entre novembro de 2014 e julho de 2015, foram 20 vítimas. Nesse período, a onda de ataques em Mogi foi responsável por 36% de todas as pessoas assassinadas no município. As investigações de parte dos ataques não foram concluídas.
Fernando Cardoso (à dir), policial preso suspeito de assassinatos em Mogi das Cruzes (Foto: Reprodução/TV Diário)Fernando Cardoso , policial preso suspeito de
assassinatos em Mogi das Cruzes
(Foto: Reprodução/TV Diário)
O policial militar Fernando Carsoso Prado de Oliveira, de 30 anos,  foi indiciado por mortes em pelo menos quatro ataques, entre novembro de 2013 e julho de 2015. Ele foi preso no Presídio Romão Gomes. Já o policial militar Vanderlei Messias Barros, de 37 anos, foi indiciado por participar de assassinatos de setembro de 2014 e julho de 2015.
Em fevereiro, os dois acusados prestaram depoimento na Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes. A Polícia Civil chegou aos acusados por meio de análises na pistola de Cardoso e reconhecimento de testemunhas e contou com a ajuda da Corregedoria da Polícia Militar.
Em fevereiro, o advogado dos policiais, que não revelou o nome, disse à equipe do Diário TV apenas que o caso corre em segredo de Justiça e que os clientes são inocentes.
Mães protestam por justiça após assassinatos dos filhos em Mogi das Cruzes (Foto: Cristina Requena/G1)Mães protestam por justiça após assassinatos dos filhos em Mogi das Cruzes (Foto: Cristina Requena/G1)
"Esperamos que se faça alguma coisa. O policial Cardoso está preso no presídio da polícia, mas lá é um hotel, preso ele estaria se estivesse no CDP", disse Andrea Aparecida da Silva, irmã de Thiago Donizete Rodrigues da Luz, morto em novembro de 2014. Ela participou da manifestação deste sábado.
Regina Aparecida Simão Sarche, mãe de Rafael Simão - morto no Jardim Camila no dia 24 de abril de 2014 - está ansiosa pelo julgamento. "Queria que no Brasil tivesse pena de morte. Para o Cardoso essa prisão é pouco. Ou então que ele fosse para uma prisão pública. Ele ainda nem foi julgado".
Mãe carrega cartaz em protesto contra ataques em Mogi neste sábado, 30 (Foto: Cristina Requena/G1)Mãe carrega cartaz em protesto contra ataques em Mogi neste sábado, 30 (Foto: Cristina Requena/G1)
Lucimara dos Santos perdeu o filho Christian Silveira Filho, 17 anos, e participou de manifestação em Mogi (Foto: Cristina Requena/G1)Lucimara dos Santos perdeu o filho Christian Silvei-
ra Filho, 17 anos, e participou de manifestação
em Mogi (Foto: Cristina Requena/G1)
Mãe protesta em Mogi após assassinato do filho Breno  (Foto: Cristina Requena/G1)Mãe protesta em Mogi após assassinato do filho
Breno (Foto: Cristina Requena/G1)
A técnica de enfermagem Lucimara dos Santos perdeu o filho Christian Silveira Filho, de 17 anos, em janeiro de 2015. "Ainda não tem solução para o caso do meu filho, mas graças a uma luta muito grande, estamos vendo que outros casos de chacina estão sendo solucionados. Ainda falta alguma coisa por atitudes da polícia, mas estamos caminhando", disse.
Relação entre os crimes
O delegado Seccional de Mogi das Cruzes, Marcos Batalha, admitiu pela primeira vez relação entre os crimes apenas em 15 de julho de 2015. Na época, o delegado disse aoG1 que, as munições usadas pelos atiradores, além dos veículos e o modo de execução, foram os mesmos.
"São os mesmos suspeitos que agiram nestas execuções. Todas estas coincidências, além da forma como os crimes foram praticados, levam a crer que foram feitos pelas mesmas pessoas", disse Batalha sem revelar a quantidade de suspeitos identificados.
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Iratã Martins da Costa chora ao lado do corpo do filho, Mateus Justino Costa, de 17 anos, morto na chacina de quarta-feira (8)  no Jardim Universo, em Mogi (Foto: Luis Corvini/ TV Diário)Iratã Martins da Costa chora ao lado do corpo do filho, Mateus Justino Costa, de 17 anos, morto na chacina de quarta-feira (8) no Jardim Universo, em Mogi (Foto: Luis Corvini/ TV Diário)
Histórico
O último ataque foi no dia 8 de julho de 2015, quando cinco pessoas foram baleadas e três morreram. Segundo testemunhas, dois homens passaram atirando em uma moto por volta das 15h, na Rua Professor Gumercindo Coelho, no Jardim Universo. As vítimas tinham entre 15 e 25 anos.
Outro ataque a tiros havia acontecido no dia 27 de maio, em Jundiapeba, quando seis pessoas foram baleadas e duas morreram. Desde novembro do ano passado, a polícia já registrou 17 mortes e outras 13 pessoas foram baleadas e sobreviveram a ataques. Segundo a polícia, as vítimas são homens, a maioria deles jovens.
Um ataque ocorrido no dia 27 de abril, matou seis pessoas e deixou duas feridas. Uma das vítimas foi atingida na Rua Gumercindo Coelho, a mesma onde um jovem de 16 anos foi ferido na noite desta quarta-feira. Na ocasião, além do crime na via, a polícia registrou ataques na Vila Nova União, Caputera e Conjunto do Bosque. A distância entre os endereços é de apenas 12 quilômetros. O intervalo entre os assassinatos foi de menos de duas horas.
Marcas na Rua Gumercindo (Foto: Maiara Barbosa/G1)Marcas na Rua Gumercindo em ataques em abril.
(Foto: Maiara Barbosa/G1)
Em 24 de janeiro, cinco pessoas foram mortas durante a madrugada em diferentes bairros de Mogi das Cruzes. A primeira ocorrência foi por volta da 1h30 na Rua Waldir Carrião Soares, no Caputera. De acordo com informações do boletim de ocorrência, a PM foi chamada e quando chegou ao local encontrou três pessoas mortas por arma de fogo. Ainda de acordo com a polícia, além dos três mortos, duas pessoas ficaram feridas.
Mais tarde, por volta das 3h10, os crimes foram nas esquinas da Avenida Líbia com a Rua José Pereira, em Jundiapeba. Duas pessoas morreram: um homem de 29 anos e um adolescente de 14.
Na madrugada de 24 de dezembro de 2014, seis pessoas foram baleadas. Os crimes ocorreram em três locais diferentes, no distrito de Jundiapeba e na Vila Cintra, em um intervalo de uma hora. Segundo informações da Polícia Militar, testemunhas disseram que nos três casos os disparos partiram de criminosos que estavam em um gol branco.
Em 21 de novembro de 2014, quatro pessoas morreram e uma ficou ferida após serem baleadas na Vila Natal. De acordo com a Polícia Civil, as vítimas foram atingidas na esquina entre as ruas Vicentinos e Laurentino Alves dos Santos, por volta das 19h30.
20 pessoas morreram em seis ataques a tiros em Mogi das Cruzes entre novembro de 2014 e julho de 2015. Mapa dos ataques. (Foto: Arte G1)


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