sábado, 5 de março de 2016

Artigo - A questão da Intolerância religiosa - Manoel Messias Pereira

Artigo de Manoel Messias Pereira
O mundo em 1949 neste dia 21 teve o culto da Fé Baha'i, organizando a Assembléia Espiritual Nacional, nos Estados Unidos, com a intenção de estabelecer o Dia Mundial das religiões.

Quase todos os seres humanos são portadores de determinadas crenças, ou prestam-se a cultos religiosos. A ideia de religião tem como sinônimo o culto prestado à divindade; doutrina ou crença religiosa; acatamento às coisas sagradas, fé, devoção, piedade, crença viva. Tudo que é considerado como um dever sagrado, respeito, escrúpulo. A palavra religião vem do latim religione ou religare, relativo a relação entre criador e a sua criatura.

Para alguns pensadores o homem cria ideia de Deus , por meio de seus medos, a sua frustração do não saber tudo. Daí sempre recorrem -se a Deus. Como se o Criador fosse uma interjeição linguística. Mas para grande parte dos idealistas, Deus criou o homem a sua semelhança.

Todos os homens da terra tem determinadas culturas, determinas fés, determinados pontos de apoios espirituais e cada um defende aquilo que acha correto acreditar. E portanto todos são portadores de necessidades psicológicas, como se um filhote procurando a teta pra mamar.

Só que todos procuram mas Deus, que no passado no Império Romano apresentava-se na figura do Imperador, agora apresenta-se como um ser invisível portador de toda a criação, com uma divindade, que é bom mas também castiga. E assim surgem as diferenças natural dos homens os preconceitos, os medos e os ataques e até mesmo a ideia da violência pra justificar essa ou aquela religião.

E nestas empresas ditas religiosas, que pra muitos aparecem como instituições  formadas por homens portanto criaturas que em assembleias, discutem-se em como  pra chegar até ao criador. E assim todo mundo posiciona-se como certo a ponto de utilizar a guerra religiosa.

Há algum tempo uma Igreja chamada Universal do Reino de Deus, passou a apostar no ódio entre o cultos e iniciou uma chamada em praça pública intitulada "Duelo dos Deuses", e seu criador Bispo Edir Macedo  até elaborou ações de ataques aos outros cultos, assim como a quebra de guias colares e praça pública e até reafirmar que os deuses africanos eram os Demônios. E para tal escreveu um livro. Enganando os seus fiéis e criando um clima de constrangimento entre os negros e brancos portadores da cultura dos orixás.

E no seu orgão oficial da chamada Folha Universal, n.39 uma matéria no final de 1999 em que chamam os filhos e de fé e Yalorixás e babalorixás de forma pejorativa, leva a mãe Gilda de Ogun, como era conhecida a Yalorixá Gildásia dos Santos Santos, que no momento da leitura do jornal, pela forma agressiva, acabou sofrendo de um enfarto em 21 de janeiro e em consequência disto veio a  falecer.

A ação desta suposta Igreja Universal, feriu a Lei Caó, que é a lei que regulamenta os princípios constitucionais para combater o racismo, a lei descreve os aspectos objetivos da ação discriminatória como negar, impedir, interromper, constranger, restringir, dificultar o exercício de direito por parte da pessoa discriminada. 

Os filhos do terreiro entraram na Justiça e teve como advogado o Ogan Dr. Hédio da Silva Junior, professor universitário, afro-descendente e ex-Secretário da Justiça do Estado de São Paulo, que ganhou em todas as instâncias o processo.

Em 2007 o Presidente Luis Inácio Lula da Silva  sanciona a Lei 11.635/2007, criando o Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa, uma luta no Brasil das Yalorixá e Babalorixá e todo o povo das comunidades de Terreiros, de Umbanda, Candomblés, Omolocos, Tambor de Minas , Turquias, em memória da Mãe Gilda, do Terreiro Ilê Axé Abassa de Ogun, localizado em Itapuã.

E assim no dia 21 de janeiro de 2008, tivemos a Marcha de Combate contra a Intolerância Religiosa no Brasil. Reafirmando a defesa do direito Constitucional de liberdade de Culto e pedindo fim da violência contra os praticantes de religiões africanas como o candomblé.

 Embora em junho de 2008, quatro jovens evangélicos invadiram o Centro Espirita no Catete, Zona sul carioca, insultaram os fiéis, quebraram imagens e objetos locais, numa aparente falta de respeito e educação. Demonstrando que a sua formação religiosa era feita num antro de ódio.

O que levou religiosos, intelectuais e até o presidente da Republica as ruas participando de uma concentração e uma marcha de protesto contra a Intolerância Religiosa.

No Brasil a liberdade de culto, partiu de um projeto do deputado comunista e filho de Xangô do candomblé o escritor Jorge Amado. Mas há Resolução da Organização das Nações Unidas - ONU n.2003/1954 no Parágrafo 5 que sublinha as restrições à liberdade em relação ao professar cultos ou crenças que são previstas em lei e necessárias, para proteger a segurança, a ordem, a saúde, a moral e os direitos fundamentais.

É de extrema importância reafirmar sempre o respeito a liberdade, as pessoas e a natureza. A vida deve ser traçada semeando harmonia e luzes de amor. A esperança deve ser sempre capaz de refletir na poesia a concretude de nossa existência.

Manoel Messias Pereira

professor, poeta, cronista
São Jose do Rio Preto- SP - Brasil



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