terça-feira, 19 de abril de 2016

Artigo - Por um Brasil Vermelho em 1 de maio - Ailton Safiotti



POR UM BRASIL VERMELHO EM “1° DE MAIO”!

Parece-me que mediocridade e mesquinhez caminham juntas. Mais do que nunca assim caminharam na expressão elucubrada do voto dos deputados ontem em Brasília. Assim como os “verde-amarelos” da classe média nas ruas em todos esses dias, quão torpes e idiotas também as figuras bizarras saídas daquelas outras bocas “verde-amarelas” que a representam: a esmagadora maioria dos deputados daquele covil da bandidagem “institucional” - o Congresso Nacional - suas duas Casas, em “lócus”, a Câmara dos deputados. O zelo pela família como uma instituição de classe média mais do que escapava daquelas bocas compradas aos milhões de reais. “... pelo pai, filho, pela esposa...” até pelo espírito santo e por deus talvez houvesse lugar; tudo como se coubesse “... pelo tataravô, netos, bisnetos...” e até algo tão bizarro quanto expressões que lembravam guetos. Expressões tolas que mais pareciam com as do tipo: pelo meu estado, município, etc.

Naquele covil até “Jerusalém” soou em vão pela nada mais torpe e deprimente “bancada evangélica” a exemplo de outras afins como a “bancada ruralista”. Quanta bizarrice! Nada mais desprezível que esse Congresso Nacional, suas duas Casas e a própria classe média brasileira! Como eu, muitos não podem acreditar que a burguesia brasileira seja tão ou menos tosca do que a classe média. Mas é o que pareceu ontem em Brasília. Funcionou como caixa de ressonância da ruaça verde-amerela da classe média brasileira (talvez para distingui-la de futuras ruaças “vermelhas” da agitação dos trabalhadores) o folclórico teatro arquitetado em Brasília por aquele covil da bandidagem legal – a Câmara dos deputados – durante a votação de ontem. Nada além de desprezível do que o existente na decadente burguesia brasileira e na classe média ela – a esmagadora maioria dos deputados ali presentes – destilou: pobreza de espírito, mediocridade, intolerância e mesquinhez. Os deputados dos grandes partidos e suas respectivas legendas de aluguel representam a burguesia e o que tem de mais tosco na classe média brasileira.

Era incrível que os governos do PT não menos do que o antecessor – o do PSDB - renderam-se à riqueza capitalista em sério prejuízo para os trabalhadores, mas muito mais prejuízo para estes últimos poderá ainda representar um governo saído desse covil da bandidagem institucional que é esse Congresso Nacional e presidido por duas quadrilhas igualmente mafiosas: as respectivas presidências das duas Casas – Eduardo Cunha da Câmara e Renan Calheiros do Senado. O vice Michel Temer que nem respaldo tem no seu partido – o PMDB – ele, que até algumas semanas, era um adido da presidenta Dilma, enquanto o caducado PMDB há muito rendia juras à oposição, não passará de marionete daquelas mãos mafiosas.

A votação ontem na Câmara dos deputados e todo seu simbolismo – a mística “verde-amarela” e o jargão pela “família” – é uma alusão ao que representa para os dilemas da classe média brasileira a presença a sua sombra da classe trabalhadora assim identificada pelo “vermelho”. Não se trata apenas de uma figura de retórica, mas a expressão do ódio de classe em face de tudo aquilo que ela identifica como negativo nos trabalhadores: a figura do negro, da mulher empregada doméstica, do índio, do camponês, do nordestino errante, do “pião de obra”, etc. A classe média não admite o cidadão pobre travestido daquilo que ela, a classe média é em si mesma: um consumidor privilegiado de bens e serviços econômicos. Essa é a razão dos dilemas da classe média representada por aquele covil que é esse Congresso Nacional. Porém, como muitos, também me pergunto diante dela e de seus dilemas.
Até quando a classe média brasileira poderá achar que somente os cidadãos de sua classe, suas famílias e por que somente seus filhos podem ter telefone, TV-plasma, automóvel moderno, casa própria, terra, saúde e dentes bem tratados; fartura na mesa, assim como estudar numa faculdade pesquisadora e viajar de avião? Então, permita-me a ousadia de uma metáfora ilustrativa da justeza social de outra realidade.

Não haverá paz no País com essa classe média que se cobre de verde-amarelo diante da rebeldia vermelha que virá dos trabalhadores! Independentemente do desfecho da trama do impeachment da Dilma, nós trabalhadores: todos às ruas em “1° de Maio”, “Dia do Trabalho”! Ocupemos fábricas, fazendas, terras, vilarejos, favelas, periferias e também Greve Geral! Por um Brasil Vermelho!


  Ailton Safiotti

professor de geografia

Jales -SP.

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