sábado, 9 de janeiro de 2016

Mulheres e meninas em Gaza continuam sentindo efeitos do conflitos de 2014, alerta ONU

Mulheres e meninas em Gaza continuam sentindo efeitos dos conflitos de 2014, alerta ONU

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Cerca de 47,2 mil mulheres e meninas permanecem deslocadas, enfrentando riscos de assédio e violência de gênero. Falta de oportunidades de trabalho elevou desemprego entre público feminino a 63,6% em 2015.
De acordo com o OCHA, cerca de 24,3 mil meninas permanecem deslocadas após os conflitos de 2014, entre Gaza e Israel. Algumas vivem em meio aos destroços de suas antigas residências. Foto: ONU / Shareef Sarhan
De acordo com o OCHA, cerca de 24,3 mil meninas permanecem deslocadas após os conflitos de 2014, entre Gaza e Israel. Algumas vivem em meio aos destroços de suas antigas residências. Foto: ONU / Shareef Sarhan
O Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) chamou a atenção nesta terça-feira (5) para os impactos duradouros dos conflitos de 2014 em Gaza sobre a vida das mulheres da região. Parte das dificuldades desse público estaria associada à discriminação de gênero no interior da sociedade palestina, onde barreiras impedem o acesso das mulheres à propriedade e ao mercado de trabalho. Os confrontos teriam agravado essas vulnerabilidades já existentes e outras, vinculadas ao bloqueio israelense ao território.
De acordo com dados coletados pelo OCHA, 299 mulheres, das quais 16 estavam grávidas, e 197 meninas foram mortas ao longo das hostilidades entre Gaza e Israel, em 2014. Ao menos 790 ficaram viúvas. Cerca de 24,3 mil meninas e 22,9 mil mulheres permanecem deslocadas, vivendo em condições de risco, seja com famílias anfitriãs, seja em abrigos improvisados, tendas ou em meio aos destroços de suas casas.
Entre as preocupações destacadas pela agência da ONU, estão a falta de privacidade e a exposição crescente a assédio e violência de gênero. O Escritório afirmou que a retenção dos direitos de propriedade pelos homens palestinos impede o acesso das mulheres deslocadas à assistência humanitária relativa a alojamentos.
Outra característica da sociedade palestina que impõe dificuldades às mulheres é a tradicional divisão do trabalho, segundo a qual jovens e esposas devem ser responsáveis por administrar o lar. Apenas cerca de 20% das mulheres de Gaza em idade produtiva participam da força de trabalho do território. Os danos extensivos a terras de plantio e pastagem, causados pelos confrontos de 2014, teriam agravado a falta de oportunidades para as mulheres, cuja taxa de desemprego atingiu 63,6% em 2015. Entre os homens, a desocupação é estimada em 37%.
A precariedade das condições de vida em Gaza dificulta a recuperação econômica e produtiva da região. Mais de 70% dos domicílios recebem água encanada apenas por um período de seis a oito horas, a cada dois ou até mesmo quatro dias. Toda a população enfrenta blecautes diários que duram de 12 a 16 horas. As dificuldades levam famílias a adotar mecanismos de cooperação negativos, como retirar crianças das escolas e casar suas filhas o mais cedo possível.
De acordo com o OCHA, essa prática envolvendo o matrimônio das jovens palestinas é vista como uma maneira de proteger as mulheres, além de “reduzir o fardo econômico”. O casamento precoce, no entanto, limita severamente as oportunidades de desenvolvimento pessoal das palestinas em Gaza. O Escritório estima que 28,6 e 2,6% das mulheres de até 49 anos no território se casaram antes de completarem 18 e 15 anos, respectivamente.


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