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Relator sobre Territórios Palestinos Ocupados renuncia após recusa de Israel de conceder acesso
“Assumi este mandato com o entendimento que Israel iria autorizar o meu acesso, como um observador imparcial e objetivo”, disse Marakim Wibisono. Impossibilidade de visitar os territórios impossibilita o cumprimento de seu mandato e da proteção dos direitos humanos dos palestinos que vivem nestas áreas.
Menino palestino e soldado israelense diante do Muro da Cisjordânia. Foto: Wikicommons/Justin McIntosh (CC)
“Infelizmente, meus esforços para ajudar a melhorar as vidas das vítimas palestinas de violações sob a ocupação israelense foi frustrada em todos os passos dados”, disse Wibisono no momento de sua demissão, que ele entregou ao presidente do Conselho de Direitos Humanos nesta segunda-feira (04). A exoneração se tornará efetiva a partir de 31 de março.
“Assumi este mandato com o entendimento que Israel iria autorizar o meu acesso, como um observador imparcial e objetivo”, disse, adicionando que, após assumir o cargo em junho de 2015, ele recebeu confirmação que teria acesso aos Territórios Palestinos Ocupados.
No entanto, apesar de vários pedidos por escrito e orais, nenhum foi concedido. Após não receber nenhuma resposta a sua última solicitação, realizado em outubro de 2015, o relator especial decidiu pedir a exoneração por impossibilidade de cumprir o seu mandato.
O seu ultimo relatório será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em março. O diplomata indonésio disse que espera que o seu sucessor consiga superar este impasse e “reassegure ao povo palestino que, depois de meio século de ocupação, o mundo não esqueceu o seu sofrimento”.
Ele também reforçou que é importante para a própria credibilidade dos direitos humanos de Israel cooperar plenamente com o mandato da relatoria. Em seus últimos relatórios, Wibisono mostrou preocupação com as investidas contra o grupo jovem contra os assentamentos em Hebron, na Cisjordânia; intensos confrontos em Hebron, onde palestinos vivem próximos a uma grande população de colonos; e o bloqueio à Faixa de Gaza, que impõe graves restrições aos movimentos dos palestinos e produtos.
Os relatores especiais são especialistas independentes nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos. Wibisono serviu como representante permanente da Indonésia para a ONU em Genebra de 2004 a 2007 e em Nova York de 1997 a 2000, bem como participou de vários organismos da ONU, incluindo como presidente da 61ª Comissão da ONU sobre Direitos Humanos em 2005 e presidente do Conselho Econômico e Social da ONU em 2000.
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