segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

ONU condenaexpulsão de representantes dos direitos humanos do Iêmem

ONU condena expulsão de representante dos direitos humanos do Iêmen


Diretor no país do escritório de Direitos Humanos da ONU era responsável por documentar violações no Iêmen. Agências como a Organização Mundial da Saúde enfrentam dificuldades para prestar assistência à população.
Conflito no Iêmen tem gerado graves violações dos direitos humanos do povo iemenita, segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Foto: PMA / Ammar Bamatraf
Conflito no Iêmen tem gerado graves violações dos direitos humanos do povo iemenita, segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Foto: PMA / Ammar Bamatraf
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,condenou nesta quinta-feira (7) a decisão do governo do Iêmen, que expulsou do país o diretor do escritório nacional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Segundo informações dos meios de comunicação, o ministro do exterior iemenita teria alegado que o representante da agência não estava sendo imparcial em suas avaliações da situação dos direitos humanos na nação.
O chefe da ONU lembrou “que o povo do Iêmen sofreu graves violações dos direitos humanos. O ACNUDH está ajudando de forma ativa e efetiva a documentar essas violações e a promover e proteger seus direitos, ao mesmo tempo em que fortalece a justiça e a responsabilização”. O secretário-geral reiterou sua confiança plena no representante do Alto Comissariado e pediu ao governo do país que reconsidere seu posicionamento.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, por outro lado, instou o governo do Iêmen a reverter a decisão de declarar o seu representante como “persona non grata”, adicionando que a postura é “injustificada, contraproducente e prejudicial para a reputação do governo e seus parceiros de coalizão”.
Ele defendeu o desempenho do seu time no país, dedicado a relatar a situação de direitos humanos no Iêmen sob circunstâncias extremamente difíceis. “A decisão do governo aparenta estar baseada em uma série de mal-entendidos, tanto no que o meu escritório já disse publicamente como qual é o papel da ONU nesta situação de conflito. Temo que isso prejudique nosso trabalho no futuro e as declarações do governo podem comprometer a segurança do restante da nossa equipe nacional e internacional”, disse Zeid Ra’ad Al Hussein.
Acesso incondicional
Ele adicionou que “infelizmente, ambos os lados cometeram claramente violações”, o que resultou em cerca de 2.800 civis mortos nos últimos nove meses. E esclareceu que o papel do escritório é centrar-se na situação dos direitos humanos e “não em política”.
O secretário-geral também expressou sua “extrema preocupação” pela segurança das equipes nacionais e internacionais da ONU remanescentes no Iêmen. No mesmo dia do pronunciamento de Ban Ki-moon, a Organização Mundial da Saúde (OMS) solicitou a todas as partes do conflito iemenita que permitam o acesso incondicional da assistência humanitária. A agência destacou que mais de 250 mil pessoas vivem sob ‘cerco virtual’ na cidade de Taiz, desde novembro.
Cinco caminhões da OMS levando remédios e suprimentos médicos estão proibidos de entrar no local desde 14 de dezembro do ano passado. Três dos veículos transportam 500 cilindros de oxigênio. O comboio também carrega drogas para o tratamento de traumas e diarreia. As provisões deveriam ter sido entregues aos hospitais de Al-Thawra, Al-Jumhoori, Al-Rawdha e Al-Mudhaffar, sobrecarregados pelo número de feridos que atendem. No total, Taiz deixou de receber 22 toneladas de matérias médicos.
Apesar das dificuldades de acesso à cidade, em dezembro, a Organização conseguiu entregar mais de 100 toneladas de remédios e provisões para 1,2 milhão de pessoas na província homônima, onde 3 milhões enfrentam necessidades extremas de ajuda humanitária.

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