ONU condena expulsão de representante dos direitos humanos do Iêmen
Diretor no país do escritório de Direitos Humanos da ONU era responsável por documentar violações no Iêmen. Agências como a Organização Mundial da Saúde enfrentam dificuldades para prestar assistência à população.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,condenou nesta quinta-feira (7) a decisão do governo do Iêmen, que expulsou do país o diretor do escritório nacional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Segundo informações dos meios de comunicação, o ministro do exterior iemenita teria alegado que o representante da agência não estava sendo imparcial em suas avaliações da situação dos direitos humanos na nação.
O chefe da ONU lembrou “que o povo do Iêmen sofreu graves violações dos direitos humanos. O ACNUDH está ajudando de forma ativa e efetiva a documentar essas violações e a promover e proteger seus direitos, ao mesmo tempo em que fortalece a justiça e a responsabilização”. O secretário-geral reiterou sua confiança plena no representante do Alto Comissariado e pediu ao governo do país que reconsidere seu posicionamento.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, por outro lado, instou o governo do Iêmen a reverter a decisão de declarar o seu representante como “persona non grata”, adicionando que a postura é “injustificada, contraproducente e prejudicial para a reputação do governo e seus parceiros de coalizão”.
Ele defendeu o desempenho do seu time no país, dedicado a relatar a situação de direitos humanos no Iêmen sob circunstâncias extremamente difíceis. “A decisão do governo aparenta estar baseada em uma série de mal-entendidos, tanto no que o meu escritório já disse publicamente como qual é o papel da ONU nesta situação de conflito. Temo que isso prejudique nosso trabalho no futuro e as declarações do governo podem comprometer a segurança do restante da nossa equipe nacional e internacional”, disse Zeid Ra’ad Al Hussein.
Acesso incondicional
Ele adicionou que “infelizmente, ambos os lados cometeram claramente violações”, o que resultou em cerca de 2.800 civis mortos nos últimos nove meses. E esclareceu que o papel do escritório é centrar-se na situação dos direitos humanos e “não em política”.
O secretário-geral também expressou sua “extrema preocupação” pela segurança das equipes nacionais e internacionais da ONU remanescentes no Iêmen. No mesmo dia do pronunciamento de Ban Ki-moon, a Organização Mundial da Saúde (OMS) solicitou a todas as partes do conflito iemenita que permitam o acesso incondicional da assistência humanitária. A agência destacou que mais de 250 mil pessoas vivem sob ‘cerco virtual’ na cidade de Taiz, desde novembro.
Cinco caminhões da OMS levando remédios e suprimentos médicos estão proibidos de entrar no local desde 14 de dezembro do ano passado. Três dos veículos transportam 500 cilindros de oxigênio. O comboio também carrega drogas para o tratamento de traumas e diarreia. As provisões deveriam ter sido entregues aos hospitais de Al-Thawra, Al-Jumhoori, Al-Rawdha e Al-Mudhaffar, sobrecarregados pelo número de feridos que atendem. No total, Taiz deixou de receber 22 toneladas de matérias médicos.
Apesar das dificuldades de acesso à cidade, em dezembro, a Organização conseguiu entregar mais de 100 toneladas de remédios e provisões para 1,2 milhão de pessoas na província homônima, onde 3 milhões enfrentam necessidades extremas de ajuda humanitária.
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