sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Crônica - No ponto de ônibus - Manoel Messias Pereira



No ponto de ônibus

Ao acordar precisamos correr para o espelho e afirmar bom dia. É assim que começa todos os dias, e depois do ensaio frente ao espelho devemos sair e dar o bom dia acompanhado com um sorriso para os nossos vizinhos, como um cartão de visita, para o dia que começa. E caminhamos para o ponto de ônibus pois precisamos ir ao trabalho.

E assim   no ponto de ônibus, e cumprimentamos a todos e a todas que vão compartilhar da mesma viagem, independente de qual seja a etnia, a origem religiosa, ou orientação sexual. É sempre importante entender que todos são trabalhadores e que cada um possui uma função, no emprego onde cada um está locado. Mas todos são construtores da riqueza, da cidade, do Estado e do País. E o que precisam entender que todos trabalhadores e trabalhadoras usando um pouco da mudança da própria língua portuguesa, ou seja os labutadores pertencem a uma classe que é a trabalhadora aquela que constrói a riqueza, porém nunca faz parte dela. Ou seja há ainda uma necessidade de consciência de classe.

O papel de cada trabalhador no transporte coletivo é a observância, da atenção da empresa para as necessidades deste trabalhador, que paga pelo atendimento do transporte. É preciso ver se o horário está adequado. Se as instalações como bancos, instrumentos de apoios a pessoas deficientes, janelas estão devidamente adequadas para todos. Ou se existe ar condicionado ou não. Se há excesso de passageiros ou não. Se estão sendo bem atendido pelo profissional como cobradores e motoristas. Entendendo sempre que o motorista ou cobrador também é um trabalhador. E com isto é preciso observar as condições ideais para que ele possa fazer um bom trabalho, como horários de trabalho, o período de descanso. Se ele está com um salário decente e sem atraso. Novamente é a consciência coletiva de classe que precisa ficar sempre a disposição de toda a classe trabalhadora independente da categoria.  Mas nem sempre temos trabalhadores que possuem essa consciência, que mantém esse nível de conversa, portanto devido a essa falha encontraremos a desinteligência com muita frequência. Mas isto é um fato que necessita de um fator de mudanças obviamente.

O caminho da mudança passa pela desconstrução da realidade do pensamento. Uma vez que no Brasil a classe trabalhadora tem como riqueza bancária o pensar da classe empresarial. Mas se a vida é da luta de classe ela com certeza guarda elementos do inimigo como se fosse sua. E isto só evidencia-se quando membros desta classe trabalhadora passa por um curso de formação política, com evidência marxista do contrário continua cristalizado no processo do individualismo burguês, do preconceito, da violência contra o diferente,discriminação, no racismo na homofobia,na lesbofobia,  na transfobia, na xenofobia, a ideia da segurança ao patrimônio, o que não pertence a classe trabalhadora. E muito trabalhador guarda em si a ideia de que é um parceiro da empresa ou do patrão, quando tudo isto é um mero engano. E faz parte de nossa fraqueza enquanto classe trabalhadora. A unidade precisa se dar na luta e sempre.

Quando lemos alguns teóricos como Paul Langevin ele afirma que "o pensamento deriva da ação e, no ser humano consciente, deve regressar à ação". Isso implica em compreender o líder revolucionário russo conhecido como Lênin, que afirmava que a ação precisa estar alicerçada na análise concreta de cada situação concreta e de acordo com ele na luta ou em qualquer outro movimento, as transformações qualitativas só se operam a partir de determinado nível de modificações quantitativas, o que significa que o processo da luta evolui  por etapas, por fases bem definidas. E assim precisam ser definidas e que não são incompatíveis mesmos nos recuos que em determinados momentos precisamos ou não fazer pra seguir a luta. Lembrando a velha frase de Lênin, de um ou dois passos atras, para poder avançar com segurança. E essa informação talvez não com essas palavras vamos encontrar no livro de Carlos Comitini, quando escreve sobre "Amilcar Cabral em A arma da Teoria".

As lições de Lênin leva nos a assimilação da crítica para a vida e para a luta. O pensamento dos outros filósofos ou cientistas por mais lúcido que seja é apenas base para pensar e agir. E para criar na luta é preciso conduzi-la, desenvolver esforços e aceitar sacrifícios. Ou seja a luta não pode ser só palavra mas sim ação. Numa luta há dificuldades objetivas e subjetivas. As subjetivas são muito mais difíceis.

A abordagem inicial de trabalhador pra trabalhador precisa ser de princípio com simpatias e boas recepções. Num segundo momento de conversa um pouco mais profunda e por fim alicerçadas de boas informações teóricas capaz de quebrar a cristalização feita por escolas, pela mídia, por tradições, ações todas pensadas e que agem como verdades únicas. Como isto vai se dar, num processo de conscientização e a ação concretiza-se por ação militante, necessária e precisa.

O que todos os trabalhadores precisam saber é que o Estado, o Poder ou os poderes, as leis, não são técnicas ou instrumentos neutros, que pode ser utilizado na luta de classe pela classe inimiga assim como pela nossa classe de trabalhadores. E se estamos num Estado que não é construído por nós, temos as máquinas, a sua administração assim como tribunais, polícias, com um único motivo, manter os privilégios de quem se sustentam como gestores e estabelecem uma política de plena opressão, a classe inimiga, neste casos aos trabalhadores.  Embora vão dizer que todos esses trabalhadores são colaboradores de classe a fala é  mesma lenga lenga do falácia fascista.

Se observar o Brasil um país rico, que mantem uma minoria de poderosos no poder com uma máquina burocratizada. Que usam para eleições uma legislação que dificulta quaisquer seres populares candidatar-se, pois há instrumentos burgueses financiados por empresas e mecanismos burocráticos que a classe popular tem dificuldade em acompanhar todo o processo. É algo caro para quem convive com um salário mínimo, não faz sentido gastar a fortuna que empregam em eleições por aqui. E é lógico que as eleições é a porta aberta da corrupção e os poderes todos tem noção disto, mas é assim que brindam-se contra a classe de trabalhadores. Ou seja o que une a direita é o dinheiro que vem de corrupção caixa dois e outros babados. Enquanto que a classe trabalhadora unem-se em ideologias e perfis de respeito ao próximo e a natureza. Entendendo o ser humano como elemento que está na natureza e como parte dela se modifica culturalmente a natureza e também a si próprio.

E essa mudança começa diante do espelho. No gesto público pra intimidade mesmo num eterno teatro de respeito a  individualidade, e entendendo que é esse respeito precisa ser expandido e o pensar político precisa levar em contas a coletividade. E a ideia da luta de classe, e a certeza de qual classe constrói a riqueza e fica sem fazer parte dela. Enquanto que a outra classe instrui o povo a dizer que há uma colaboração de classe mas eles comem o filé. O povo coitado do povo, fica na busca da comunhão espiritual, com apenas o sinal da cruz e nada nos bolsos, nada no estômago e nas mãos. Somente entendo que são parceiros da transformação. Ou ficam com a ilusão, e a consciência tranquila como respeito  da própria  existência. E essa conversa podemos iniciar no ponto de ônibus ou seja do transporte público.Num sorriso ensaiado no espelho e depois avançaremos. . . depois.


Manoel Messias Pereira

cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP








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